“O quanto a maternidade pode excluir as mães?”. Esse foi um dos assuntos discutidos na Roda de Conversa “Mães na Rede na Semana da Luta Antimanicomial: Quais espaços podem ser ocupados pelas mães?”, realizada no espaço do programa Estação Educação, da Secretaria Municipal de Educação, Ciência e Tecnologia (Seduct), situado na Cidade da Criança Zilda Arns. A ação foi realizada por meio do projeto do Mais Ciência: "Mães na Rede: atenção, cuidado e redes de apoio a mães em sofrimento psíquico", idealizado pela professora e coordenadora Bruna Martins Brito, da Universidade Federal Fluminense (UFF).
A roda faz parte da programação do mês da luta antimanicomial, que tem como tema, este ano, "Direito à cidade". A psicóloga Cleide Neves, servidora que atua nas políticas públicas voltadas para gravidez e primeira infância, também participou do evento. O projeto está ligado à Gerência de Saúde Mental, da Secretaria Municipal de Saúde, e foi contemplado no último edital do Mais Ciência. Além do Hospital Geral de Guarus, a equipe tem atuado na Escola de Aprendizagem Inclusiva (EAI), na Cidade da Criança.
De acordo com Bruna, o “Mães na Rede” se propõe a realizar ações centradas na temática da maternidade e saúde mental. Por se tratar de um projeto de natureza extensionista, prevê atividades no território de Campos, extramuros da universidade com atuação na fomentação e ativação de redes de apoio para mães em sofrimento psíquico ou vulnerabilidade social. O projeto surgiu durante o primeiro ano da pandemia, com formato de rodas de conversa on-line até 2022, em parceria com o curso de Psicologia da Universidade Federal Fluminense (UFF).
Durante a Roda de Conversa foram abordadas ainda questões como mães universitárias que não têm rede de apoio para deixar os filhos e acabam impedidas de assistirem às aulas. Foi discutida ainda a situação das mães de crianças com deficiência que acabam não conseguindo circular muito pela cidade porque a sociedade não tem empatia com as dificuldades de seus filhos.
“As rodas permitem um espaço de acolhimento para mães, onde não são julgadas. Não é um espaço em que elas serão ensinadas, mas um local de compartilhar experiências e promover que se construa redes de apoio com a equipe extensionista e entre as próprias mães. Acreditamos que as maternidades são plurais, mas o compartilhamento de histórias e o acolhimento dessas mães é fundamental para a saúde mental delas. Hoje, fizemos um debate mais amplo sobre a cidade e as mães”, disse Bruna.
Mãe de uma criança de 6 anos com suspeita de TDAH, Daiana Dos Santos Guedes Rangel participou do evento. Ela disse que não conta com rede de apoio e muitas vezes se sente cansada, pois, como o marido trabalha o dia inteiro, ela precisa se dedicar 100% à criança.
“Desde o ano passado minha filha estuda na EAI. Eu aprendo muito nas palestras que acontecem aqui. São informações que não tenho e a oportunidade de me manter informada acerca dos meus direitos e deveres”, explicou Daiana.
A coordenadora do Mais Ciência, Leonora Tinoco, ressaltou que, com a aprovação do projeto no Mais Ciência em 2023, foi possível trazer mais um bolsista, permitindo a ampliação de suas atividades. “Esse suporte psíquico é de extrema importância para as mães que acompanham seus filhos na EAI. Além disso, a taxa de bancada paga pelo Mais Ciência, de R$ 1.500, ajuda o bolsista em seu deslocamento e também para comprar material para alguma atividade específica com as mães”, concluiu.