Em alusão ao “Maio Laranja”, o Centro de Atendimento ao Adolescente e à Criança vítimas de violência sexual (CAAC) e a equipe da Fundação Municipal de Saúde (FMS) realizaram, nessa terça-feira (21), uma blitz educativa em frente ao Hospital Ferreira Machado (HFM). A ação, que teve início às 16h30 no semáforo do cruzamento da Avenida XV de Novembro com a Rua Rocha Leão, abordou cerca de 100 motoristas com o intuito de informar e conscientizar sobre o enfrentamento ao abuso e exploração sexual infantojuvenil.
A escolha do mês de maio para essa campanha remonta ao caso de Araceli Crespo, uma menina de 8 anos que foi sequestrada, drogada, estuprada e assassinada em Vitória, no Espírito Santo, em 1973. A data de seu assassinato, 18 de maio, tornou-se oficialmente o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, após a aprovação da Lei Federal nº 9.970/00.
O “Maio Laranja” busca alertar a sociedade sobre a importância do compromisso coletivo na proteção das crianças e adolescentes, promovendo um ambiente seguro e saudável. Durante a blitz, adesivos foram distribuídos e uma faixa com informações sobre a campanha foi exibida. A ação contou com o apoio de agentes da Guarda Civil Municipal.
“A blitz educativa reforça a importância da conscientização e do combate constante ao abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes, lembrando que a proteção e o cuidado com a infância são responsabilidade de todos. Através da educação e da conscientização, podemos construir uma sociedade mais segura e justa para todos”, afirmou a agente operacional de saúde da FMS Djanane Azevedo, que participou da blitz.
A motorista e enfermeira Bruna da Silva foi abordada durante a ação e comentou sobre a importância da campanha. “Essa blitz foi importante para ficarmos atentos e denunciarmos qualquer suspeita de abuso. A segurança e o bem-estar das nossas crianças devem ser a prioridade de toda a sociedade”, enfatizou.
Denúncias e estatísticas
Estatísticas de 2023 revelam que o Disque 100 somou mais de 60,7 mil violações sexuais contra crianças e adolescentes por meio de 31,2 mil denúncias. Os dados indicam que, a cada 24 horas, ocorrem mais de 166 violações; sete violações a cada hora; uma violação a cada oito minutos, com 51% das vítimas tendo entre 1 e 5 anos. Anualmente, cerca de 500 mil crianças e adolescentes são explorados sexualmente, e estima-se que apenas 7,5% desses casos sejam denunciados às autoridades. Esses números indicam que a realidade pode ser ainda mais grave.
Para facilitar as denúncias de violações de direitos humanos, incluindo abuso e exploração sexual infantil, o Disque 100 oferece um serviço disponível 24 horas por dia, todos os dias da semana. Outros contatos importantes para denúncia incluem o Disque Direitos Humanos em Campos (98175-0700), Disque 190 (Polícia Militar), Disque 191 (Polícia Rodoviária Federal) e os números das delegacias: Deam (99219-7576), 134ª Delegacia de Polícia, no Centro, (2724-1580) e 146ª Delegacia de Polícia, em Guarus (2725-8086).
Funcionamento CAAC
Desde a sua inauguração, o CAAC tem sido fundamental na identificação e prevenção de casos de abuso, oferecendo atendimento humanizado e multidisciplinar. Com mais de 533 atendimentos realizados desde 2021, o CAAC, localizado no Hospital Ferreira Machado, proporciona um espaço seguro para as vítimas, que são atendidas por assistentes sociais, psicólogos, pediatras, médicos legistas e policiais civis. A unidade funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana, sendo a segunda do estado e a primeira no interior.
“O CAAC, desde o início deste ano até hoje, já atendeu mais de 130 crianças e adolescentes vítimas de violência sexual em nossa cidade. A demanda de atendimento vem crescendo. O que no início do CAAC era um atendimento trimestral, hoje é a nossa demanda mensal. Precisamos entender que essa é uma responsabilidade coletiva, a violência sexual ocorre em sua maioria no ambiente da criança, e o criminoso tem vínculo com ela. Sabemos ainda que o atendimento no CAAC hoje chega a quase uma criança por dia, o que representa 10% de todas as crianças violentadas, já que 90% dos casos são subnotificados, ou seja, permanecem no silêncio da violência. Nossa obrigação é denunciar!”, alertou a coordenadora do CAAC Campos, Alice Alves.