Criado com o objetivo de coordenar todas as ações de enfrentamento à epidemia, o Gabinete de Crise da Dengue e outras Arboviroses realizou, nesta quarta-feira (5), a última reunião, mas pode ser reativada em caso de excepcionalidade epidemiológica. Assim como nas edições anteriores, o 5º encontro no formato híbrido fez um balanço das atividades de prevenção, assistência médica e tratamento que contribuíram para o controle das doenças que segue platô de queda lenta, redução da incidência de óbitos, além de fazer alertas que ainda são necessários e devem ser mantidos pelo poder público e a população.
“Sempre falamos da importância que tem cada cidadão cuidar do seu terreno, do seu território, pois é ali que estão os criadouros, ali que os mosquitos se reproduzem e, consequentemente, passam a fazer a transmissão do vírus que chega a alcançar um raio de até 150 a 200 metros de onde são criados”, lembrou o secretário de Saúde, Paulo Hirano, que agradeceu o empenho das equipes envolvidas nas ações conjuntas com o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), como secretarias e órgãos da municipalidade, ao Exército Brasileiro, ao Conselho Regional de Corretores de Imóveis da 1ª Região (CRECI-RJ), Ministério Público, Defensoria Pública e população geral.
Com índice de mortalidade em 0.002%, ou seja, três óbitos no universo de 14.178 notificações para dengue, o subsecretário de Vigilância em Saúde, Charbell Kury ressalta que a finalidade do Gabinete de Crise foi comprida, principalmente em reforçar que o controle da dengue e outras doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti é um esforço coletivo. Também teve 789 notificações de chikungunya com um óbito.
“O primeiro objetivo era coordenar todas as ações de prevenção, mobilização social e de comunicação com a sociedade geral e a civil organizada, e acho que ele atingiu. O segundo era o monitoramento e divulgação em tempo real das informações à sociedade e foi o que fizemos nessas cinco reuniões”, explicou Charbell.
PREOCUPAÇÕES FUTURAS E MANUTENÇÃO DAS ATIVIDADES
A análise do cenário epidemiológico das últimas quatro semanas apresentada na reunião, além da queda de plantô lenta, aponta que, devido à melhoria das condições climáticas, será possível observar a redução de casos de dengue nas próximas semanas, mas por outro lado, especialista aponta para a chamada “Teoria Alça Epidemiológica”, que é a probabilidade de uma nova onda da doença em novembro deste ano. Também tem a preocupação com o elevado número de casos de chikungunya com ocorrência de óbito e possibilidade da entrada da vacina da dengue.
“Mostramos a realidade da dengue, que essa doença não acabou e nem acabará porque esperamos uma nova onda no final do ano. Mas mostramos que o trabalho que a Prefeitura de Campos realizou, tanto na prevenção quanto no manejo dos pacientes, foi a contento e muito bem realizado. Temos que trabalhar bastante agora no inverno, período entre junho e setembro, para evitar esse aumento previsto para o final do ano”, completou Charbell, acrescentando: “Continuamos vigilantes. As ações foram todas feitas e bem distribuídas”.
Outra conclusão importante é sobre os três óbitos, que mostram que o sorotipo 1 da dengue, mesmo sendo de menor letalidade, não deixa de causar quadros graves e até mesmo óbito, especialmente aos grupos de maior risco. “Nesse caso o segredo é não postergar a ida ao hospital em caso de sinais de alarme, principalmente os idosos, gestantes e crianças menores de 2 anos de idade com suspeita de dengue”, orienta Charbell.
Dentre as ações de prevenção implementadas pela municipalidade estão o Processo Seletivo para ampliação do número de agentes de combate a endemias que está em andamento, a realização do “Faxinão da Dengue” em bairros com casos confirmados da dengue e chikungunya, mutirões nos bairros com índice alto após Levantamento de Índice Rápido para Aedes aegypti (LIRAa), ações conjuntas com apoio da 2ª Companhia de Infantaria de Campos e o CRECI/RJ.
“Para se ter uma ideia, já conseguimos, nos mutirões, recolher mais de 1.100 sacos de lixo contendo inservíveis e telar mais de 100 caixas d’águas. Só essas duas informações mostram como que ainda têm pessoas que não estão dando a devida importância que o combate à dengue deve ter. Essas caixas d’águas e inservíveis estão nas residências, então precisamos que a população dê essa atenção para que o nosso combate seja mais eficaz”, ponderou o diretor do CCZ, Luciano Souza.
Também participaram da reunião, que aconteceu no Centro Administrativo José Alves de Azevedo (CAJAA), o subprocurador geral e coordenador do Grupo Intersecretarial de Coordenação Estratégica Judicial e Extrajudicial da Saúde (Gicejes), Gabriel Rangel; o secretário de Obras e Infraestrutura, Fabrício Ribeiro; os representantes CRECI-RJ, o delegado Antônio Carlos Lima e o conselheiro Manoel Leandro Neto; o médico e diretor do Centro de Referência da Dengue (CRD), Luiz José de Souza, e o supervisor geral do CCZ, Walmir Batista Junior.