O projeto de reabilitação do Centro Histórico de Campos foi um dos destaques do 1º Seminário de Revitalização de Centros Urbanos, realizado nesta terça-feira (5) no Centro de Convenções da Uenf, reunindo especialistas em arquitetura e urbanismo de renome nacional e internacional.
Durante todo o dia, representantes de diversas secretarias apresentaram ações realizadas pelo governo Wladimir Garotinho para promover o desenvolvimento da região central da cidade, com incentivo ao turismo e à geração de emprego e renda.
O secretário municipal de Planejamento Urbano, Mobilidade e Meio Ambiente, Cláudio Valadares, foi um dos palestrantes, apresentando detalhes do Plano de Reabilitação do Centro Histórico de Campos.
Entre os objetivos do plano estão: promover intervenções na área central para valorizar as potencialidades econômicas da região, dar continuidade ao processo de adequação de vias, garantir condições para o acesso livre de pedestres, modernizar a iluminação pública e os serviços básicos de infraestrutura, requalificar as praças, arborizar as vias públicas, propor a conservação de imóveis com relevância arquitetônica e bens tombados e melhorar os serviços públicos na área central.
Um dos projetos já em andamento é o Retrofit, que prevê isenções fiscais para que imóveis comerciais da área central sejam transformados em imóveis residenciais.
“Nós estamos pensando a cidade para 30 anos no mínimo”, disse Valadares, enfatizando que será fundamental a integração participativa com o setor produtivo e órgãos relacionados à preservação do patrimônio.
A secretária municipal de Turismo, Patrícia Cordeiro, o subsecretário, Edvar Júnior, e o secretário municipal de Qualificação e Emprego, Marcelo Mérida, participaram do painel “Pequenos Negócios e Turismo: Impulsos para a economia dos Centros Urbanos”, juntamente com o gerente regional do Sebrae, Guilherme Reche, e o consultor de turismo do Sebrae Jarbas Modesto.
Um dos temas abordados foi a revitalização do Cais da Lapa, que se tornou palco de diversos eventos. Segundo Patrícia, o olhar agora se estende além da Lapa, chegando a outros pontos do Centro Histórico. “É importante fazermos a revitalização dos espaços públicos para que sejam cada vez mais utilizados”.
Guilherme Reche observou que os centros urbanos são povoados em sua maioria por pequenos negócios, que geram um alto nível de empregabilidade.
“É preciso que a gente pense em estratégias para atrair o público de um jeito mais vertiginoso daqui para a frente”, destacou o gerente regional do Sebrae, que considerou o seminário um marco para o debate sobre o desenvolvimento das cidades.
O presidente da CDL Campos, José Francisco Rodrigues, observou que o esvaziamento das regiões centrais é um problema mundial, não apenas de Campos.
“Nós também não queremos sair daqui com soluções; queremos que as pessoas pensem em como vamos revitalizar o Centro”, disse.
Para o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Mauro Silva, é fundamental envolver todos os atores no debate sobre a revitalização da área central.
Foto: Rogério Azevedo / Divulgação - CDL Campos
“Temos muitas questões para pensar. Mas o que move o mundo não são as respostas, são as perguntas. Com diálogo e parcerias, tenho certeza de que conseguiremos grandes resultados”.
Cases mundiais de revitalização
Ao longo do dia, especialistas em arquitetura e urbanismo apresentaram casos de sucesso no Brasil e no mundo. A arquiteta Ana Paula Vilaça falou sobre o projeto de revitalização do Centro do Recife (PE), que transformou bairros degradados em áreas de comércio pujante, através de ações como a manutenção das vias públicas, o incentivo à habitação popular, a realização de eventos, o incentivo à economia criativa e a atração de empresas dos setores de tecnologia e inovação – o projeto Porto Digital.
Professor da Universidade de Lisboa, o arquiteto Francisco Carlos Oliveira falou sobre a reabilitação do espaço público na capital portuguesa a partir da degradação da área central, que se agravou com o adensamento urbano posterior à Revolução dos Cravos e teve seu auge em 1988, quando um grande incêndio destruiu parte do tradicional bairro histórico do Chiado. Francisco destacou a importância de criar projetos que priorizem as pessoas, incentivando a ocupação da cidade. “É sempre pela vida que a cidade irá se sustentar”.
O arquiteto e urbanista Lorí Crízel apresentou o conceito de Neuroarquitetura, cujo objetivo é criar projetos que promovam o bem-estar e a saúde mental das pessoas. Segundo ele, é fundamental que as pessoas se apropriem dos projetos urbanos para que eles tenham êxito. Crízel citou exemplos de sucesso na cidade espanhola de Sevilha, em Nova Iorque (EUA) e em Singapura, em que intervenções urbanísticas provocam o interesse das pessoas em visitar e interagir com os projetos.
Um painel debateu o tema “Visão empresarial: o que falta para as ocupações centrais deslancharem. O arquiteto Sérgio Magalhães falou sobre as potencialidades dos centros das cidades. Marcelo Falcão, da Incorporadora Somauma, apresentou o projeto Retrofit Edifício Virgínia, de São Paulo. Celso Rayol, da Cité Arquitetura, falou sobre o projeto de revitalização do Hotel Glória, no Rio de Janeiro.
O 1º Seminário de Revitalização de Centros Urbanos foi uma realização da Câmara de Dirigentes Lojistas de Campos (CDL Campos) e do Sebrae, em parceria com a Prefeitura de Campos, Uenf, Consórcio Público Intermunicipal de Desenvolvimento do Norte e Noroeste Fluminense (Cidennf), Caixa e Sicoob Sul.