Três artigos científicos de professoras da rede municipal de ensino foram aprovados, nesta semana, em eventos da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e da Universidade de São Paulo (USP). Os trabalhos descrevem ações didáticas realizadas na Escola Municipal Dr. Francisco Manoel Pereira Crespo, no Parque Santos Dumont, com uso de tecnologias, incluindo práticas com inteligência artificial (IA) em situações de aprendizagem, inclusive na alfabetização.
O primeiro abordou o tema “A Inteligência Artificial na Sala de Aula: Práticas na Alfabetização em escola da Rede Municipal de Campos dos Goytacazes”, de autoria da professora Luciana Maraia, aprovado para apresentação e publicação no VII Seminário de Boas Práticas de Ensino e Aprendizagem da EEL-USP.
Da mesma autora, o trabalho “A inteligência artificial em auxílio à aprendizagem: uma experiência nos anos iniciais em Campos dos Goytacazes” foi aprovado no Congresso Internacional Movimentos Docentes 2024, da Unifesp.
Já o artigo “A Linguagem Pictográfica no desenvolvimento do Pensamento Computacional: Uma Experiência com Estudantes dos Anos Iniciais na Rede Municipal de Campos dos Goytacazes/RJ” foi elaborado por Luciana em parceria com a professora Nathália Sobrinho Lobo, também aprovado no VII Seminário de Boas Práticas de Ensino e Aprendizagem da EEL-USP.
De acordo com a secretária de Educação, Ciência e Tecnologia, Tânia Alberto, tudo isso está sendo possível graças aos investimentos realizados pela Prefeitura na rede municipal de ensino. “Como, por exemplo, na área da informática, chromebooks para os profissionais, tablets para alunos; laboratórios de tecnologias, de robótica, de ciências, de matemática; Programa Eduten, de matemática gameficada, entre outras ações inovadoras. Parabéns aos profissionais que estão usando todos esses recursos de forma adequada e assertiva! Esse é o objetivo de todos esses investimentos: promover a melhoria da qualidade do processo de ensino-aprendizagem”, destacou a secretária.
Luciana é doutoranda do Programa de Pós-graduação em Políticas Sociais da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF) e professora dos anos iniciais do Ensino Fundamental há 21 anos.
“A diretora da minha unidade escolar, Adriana Cassiano, foi uma grande incentivadora. Quando desenvolvemos práticas com tecnologias que oportunizam aos estudantes experiências construtivas e orientadas pedagogicamente, estamos contribuindo para a formação emancipatória, rompendo com hábitos do uso de telas sem significado, que, muitas vezes, as crianças trazem da vivência fora da escola. As atividades com o uso da Inteligência Artificial precisam possibilitar experiências em que os estudantes compreendam que a IA não é um recurso de respostas prontas, mas é necessário ter habilidades que permitam seu uso crítico”, pontuou Luciana.
Para ela, a socialização desses trabalhos, no âmbito acadêmico, ressalta que docentes da Educação Básica, mesmo nos anos iniciais do Ensino Fundamental, também contribuem com pesquisas e fazem a ciência acontecer.
“É a pesquisa no chão da escola para a escola. Como professora da Rede Municipal e pesquisadora no campo educacional, minha satisfação é enorme em ter três trabalhos avaliados e reconhecidos por eventos acadêmicos tão relevantes, associados a universidades como UNIFESP E USP, este ano, realizados dentro de uma escola pública da rede municipal de Campos, pelo acesso que agora temos às tecnologias digitais. Esse novo cenário, que está sendo construído na Rede Municipal, com a chegada de recursos tecnológicos nas escolas, nos leva ao entendimento de que há o reconhecimento da necessidade de práticas inovadoras e isso nos coloca no cerne de possibilidades que enriquecem o trabalho docente”, afirmou Luciana.
Nathália é mestranda em Ensino e Suas Tecnologias, engenheira ambiental com formação pedagógica em Química. Atua no Espaço de Tecnologias Digitais e robótica na E.M. Manoel Ribeiro do Nascimento, e na coordenação do Projeto de Computação da Seduct.
“A motivação de escrita do trabalho surgiu da necessidade em compartilharmos práticas em torno do ensino dos fundamentos da computação com alunos do Ensino Fundamental. Por vezes, pode parecer algo muito difícil, mas os docentes já ensinam e exploram inúmeras habilidades de computação e não sabem. Além disso, apresentação em congressos e eventos acadêmicos possibilitam um espaço de crescimento muito significativo, pois aprendemos mais do que ensinamos”, declarou.
Ela lembrou que, em 4 de outubro de 2022, foi publicada a Resolução do Conselho Nacional de Educação (CNE)/Câmara da Educação Básica (CEB) nº 1, que definiu normas sobre o ensino da Computação na Educação Básica, em complemento à Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
“A Secretaria Municipal de Educação vem implantando o ensino de computação na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, por meio das formações com a Coordenação de Tecnologias Digitais. E nos anos finais do Ensino Fundamental por meio do componente curricular Projeto de Computação”, acrescentou.
A articuladora municipal do Compromisso Nacional Criança Alfabetizada, Layla Constantino, falou sobre a conquista, que, para ela, gera impactos positivos, para além do momento imediato de aprendizado, pois transformam as bases para uma educação mais sólida, cidadã e igualitária para todos.
“Considerando que a alfabetização não é apenas o aprendizado da leitura e escrita, mas também um processo de construção de cidadania e de acesso ao conhecimento, acredito que nossas colegas servidoras, que se lançam em expandir suas experiências, transformando-as em conhecimentos disponíveis à ciência, atuam sobre o princípio da construção e promoção de espaços de ensino inclusivo, acolhedor e estimulante e garantem o direito fundamental de aprender e ‘alfaletrar’, como bem conceitua Magda Soares, no sentido de integrar as habilidades de leitura e escrita com a compreensão crítica, reflexiva e criativa do uso da linguagem, promovendo uma aprendizagem mais contextualizada e significativa”, disse.