O encerramento da 3ª edição do projeto Juventude Empreendedora, realizado nesta semana pela Prefeitura de Campos, por meio da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Humano e Social, trouxe uma surpresa. Dois jovens empreendedores que foram destaques do Juventude Empreendedora também participaram da última edição do Programa Municipal de Apoio à Economia Criativa, promovido pela Secretaria de Educação, Ciência e Tecnologia, em parceria com a Tec Incubadora.
As empresas que se destacaram foram A Sweet Coast, que é uma marca de roupa agênero do universo da nova era do streetwear, que valoriza o senso de identidade e pertencimento das pessoas da chamada Costa Doce, no interior do Rio; e a In Mundo Records, uma gravadora que promove artistas de rap da região, além de realizar eventos de cultura hip hop nas ruas de Campos.
A Sweet Coast passou pela Tec Incubadora através do edital Economia Criativa. A marca ficou entre as 5 empresas destaques da Iniciativa da Shell em parceria com o Cieds. A empresa hoje também ocupa o lugar entre os cinco empreendimentos que tiveram destaques do Norte Fluminense, Porto do Açu, em parceria com a ONG Cieds.
“Fazer parte da Tec e do Economia Criativa foi muito importante porque, além das mentorias, com renomados profissionais para construção do plano de negócio, da parte organizacional, tivemos o apoio financeiro de uma bolsa, que durante os quatro meses de programa foi viabilizado para todos os alunos”, ressaltou o CEO, Diretor Administrativo e Operações, Marcelo Vicente.
Criada por Marcelo, homem trans, e pelo Yuri Cabral, CEO, Diretor de Artes e Operações, a Sweet Coast nasceu a partir do resgate da herança cultural local, expressa, através da moda agênero, a ideia de corpos livres de rótulos estereotipados desse sistema. De acordo com Marcelo, a ideia é um compromisso pessoal desenvolvido pelos próprios criadores que vivem na região. A razão e a necessidade de resistir e expressar a cultura regional através da arte.
“Somos herança da terra do Indígena Goytacá e sendo pertencentes a esse solo fez todo o nosso foco se voltar à criação de algo que resgatasse a herança campista. A região recebeu esse nome por causa de delícias como o chuvisco e a goiabada cascão, que combinam a brisa do litoral com a tranquilidade do campo. Além disso, a cidade também recebe destaque pelos recursos naturais, origem de grandes personalidades, mitos e lendas. Devido a conexão que temos com o território, e a riqueza dos elementos que a constituem, a região se tornou um grande potencial a ser ressignificado e homenageado, servindo de referência para o nome da primeira coleção da marca: Origens. Eu sou o primeiro Homem Trans preto a ocupar o lugar que estou no Cieeds e na economia criativa da cidade. Como empreendedor, me sinto lisonjeado de romper essas barreiras e ser ponte para uma extensão de um futuro que pode acreditar que pessoas como eu vão, sim, ocupar esses lugares”, disse Marcelo.
A Sweet Coast vai estar presente na Feira Brota, que acontece em dezembro na Casa de Cultura Villa Maria. A feira é aberta à comunidade e representa uma oportunidade para que todos possam conhecer o trabalho de empresas como a Sweet Coast.
In Mundo Records - O rapper, produtor e empreendedor Igor Felix, mais conhecido como Zabú, conta que a IN Mundo Records é uma marca e gravadora que trabalha com música, moda e cultura Hip Hop. Ele explicou que o contexto de criação nasce por ser uma cultura periférica e não ter representatividade local nesses espaços, seja pelas músicas, pela moda e principalmente pelos eventos e, dessa invisibilidade, nasceu a In Mundo, que busca conectar o Hip Hop local com o público.
“Já tivemos grandes trabalhos nesses 3 anos de experiência, como a Live Show In Mundo, que foi contemplado pela Lei Aldir Blanc e aconteceu dentro do Museu Histórico de Campos, também tivemos o EP Interior, um trabalho musical que une dois artistas do interior do Rio, o drop de bonés "Black Panther", a primeira peça de roupa produzida pela marca e teve todo seu estoque vendido, e por último o evento cultural "Ruas da Planície", que também foi contemplado por um edital, dessa vez a Lei Paulo Gustavo, e foi um evento que uniu todos os elementos da cultura Hip Hip, em praça pública”, comentou.
Ele também falou sobre a importância do programa de Economia Criativa e da Tec Incubadora. “Assim como no Juventude Empreendedora, o programa de Economia Criativa e a Tec nos ajudaram na viabilidade do negócio, tanto pela gestão, administração, marketing, setor financeiro, até pontos mais iniciais como formalização, design, condutas. Ambas ajudaram demais na concretização desse sonho, e consequentemente dessa premiação. Os trabalhos não param e em 2025 visamos ser ainda maiores e participarmos de mais programas e feiras”, disse Igor.