A partir de um trabalho de pesquisa, solicitado pelas professoras, sobre identidade e território, as crianças entrevistam as mulheres mais velhas das duas comunidades ao redor da escola (Veiga e Ponta da Lama) e descobrem que moram num quilombo, de origem negra e indígena. As histórias de assombração que escutam despertam sua imaginação e assim criam um filme de zumbis atacando a escola, que por sua vez provoca um debate polêmico. A sinopse é do filme “Somos descendentes delas”, um doc-ficção realizado por estudantes da E.M. Alcebíades Candiano que durante o ano letivo participaram do projeto AdoleScER no Cinema, idealizado pela assistente social e documentarista Carolina de Cássia.
A película foi lançada na última terça-feira na Alcebíades Candiano, em Ponta da Lama, com a presença de toda a comunidade escolar. Carolina contou que o projeto AdoleScER no Cinema deu materialidade ao desejo de ensinar crianças a realizarem seus próprios filmes, contar sua história, serem protagonistas e desenvolver consciência de classe e raça.
“Assim, juntei minha experiência como assistente social e documentarista e o projeto aconteceu, com muitos desafios e êxitos. Desejo que as crianças acreditem na sua potência e na construção de um mundo mais justo. A ideia é ampliar o projeto para quatro escolas no ano que vem, permanecendo com o apoio da Gerência de Mídias Digitais, fundamental para a finalização dos filmes”, diz Carolina.
Editor de imagens da Gerência de Mídias Digitais, Daniel Nesher trabalhou no projeto e fez uma volta ao passado com o roteiro. “Esse filme também me lembra histórias que minha bisavó contava. Foi muito bom reviver essas memórias da infância”, explicou Daniel.
Gestora da Alcebíades Candiano, Maria Paula Abreu Candiano disse que o projeto foi além das expectativas. “A apresentação, finalização feita com muita harmonia e autenticidade. A Carolina teve muito cuidado em colocar as cenas e organizar, foi uma bela obra e a gente ficou muito feliz com o resultado. A comunidade tem elogiado e se identificou com tudo que foi feito. Isso é muito importante”, ressaltou Paula.
Para a professora da sala de Tecnologias Digitais e Robótica, Tatiana Muniz de Souza, o filme proporcionou aos alunos o resgate de histórias locais e, ao mesmo tempo, a inspiração e as reflexões sobre um futuro repleto de oportunidades. “Tenho certeza que tanto as crianças quanto a comunidade em geral conseguiram dimensionar a importância de conectar o passado com o futuro. Além disso, o filme, produto final do projeto, está maravilhoso! Cheio de criatividade, profissionalismo e muito amor envolvido”, elogiou Tatiana.
Para os alunos que participaram da idealização do “Somos descendentes delas” a experiência foi rica em conhecimentos. Ana Sophya foi uma das que aprovaram a iniciativa. “Foi muito importante participar da oficina, adorei conhecer o projeto. Sempre quis fazer um filme e consegui realizar o meu sonho. Adorei tudo, sempre gostei de assistir a filmes de terror. Obrigada a todos por me ensinarem a fazer cinema”, falou Sophya.
Assim como Sophya, Emilly Vitória Barcelos da Silva ficou satisfeita com a conclusão do projeto. “Eu gostei muito. Ficou muito engraçado, adorei as cenas que eu participei e dos meus amigos também. A parte mais engraçada foi a do caminhão. Adorei a experiência, agradeço muito às maquiadoras, que conseguiram fazer a maquiagem tão realista. Agradeço a todos que nos deram a ideia de fazer o filme”.
Mãe da aluna Maria Eduarda, diagnosticada com autismo, Ueziliana disse que a filha se apaixonou pela dinâmica do grupo e equipe do AdoleScER, onde foi bem recebida e acolhida pela equipe e colegas.
“Foi perceptível a mudança na interação da Maria durante as aulas do projeto, pois teve contato por mais tempo com o grupo que, com seu entusiasmo, contagiou. Obrigada a toda equipe pelo desempenho do trabalho, por todo interesse em incluir a Maria Eduarda de forma tão especial. Ela realmente amou. Obrigada à Carolina por ser a ‘peça-chave’ nessa inclusão à escola Alcebíades Candiano”, finalizou a mãe.