Profissionais do Programa Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade (PNAISP) que atuam no sistema Penitenciário de Campos foram capacitados nesta quarta-feira (29). Uma palestra foi ministrada pelo coordenador do Programa Municipal de Controle da Hanseníase, o médico Edilbert Pelegrini, na Faculdade de Medicina de Campos (FMC).
O objetivo é prevenir a gravidade da doença, por meio do diagnóstico e tratamento precoces. “Estamos no Janeiro Roxo, mês de conscientização e combate à hanseníase e, nesta capacitação, preparamos nossos profissionais para um atendimento mais eficiente aos pacientes. Incentivamos o teste rápido instituído pelo Ministério da Saúde. A hanseníase tem difícil manifestação de sintomas e, por isso, é importante identificar a doença e tratar para evitar o contágio ou agravamento do caso. Na população carcerária a transmissão é mais intensa devido a aglomeração de pessoas em um mesmo ambiente”, explicou Pelegrini.
De acordo com o médico, quando há um caso suspeito de hanseníase, as pessoas que tiveram contato mais próximo com este paciente também são testadas. Quem teve contato com a bactéria e não manifestou a doença é acompanhada uma vez por ano, por cinco anos consecutivos, para identificar o comportamento da bactéria naquele organismo. Ainda segundo Pelegrini, 90% da população mundial possui resistência imunológica natural à hanseníase. “Isto acontece porque o vírus não é mutável como é o da gripe, por exemplo. Além disso, o vírus tem poucos agentes agressores geneticamente, o que dificulta a penetração no organismo”, explicou.
Em Campos, no ano de 2024, foram identificados 41 casos de hanseníase. A iniciativa da capacitação foi do PNAISP. “Esta campanha do Janeiro Roxo normalmente acontece dentro das unidades prisionais. Este ano, porém, decidimos qualificar os profissionais com esta palestra. Eles vão colocar os novos conhecimentos em prática, otimizando a abordagem, o diagnóstico e o tratamento da doença”, explicou o coordenador do PNAISP, Bruno Cordeiro.
A enfermeira Solange das Chagas atua no presídio masculino Carlos Tinoco da Fonseca e informou que, na unidade, não há casos da doença. “Este aprendizado é importante para a gente. As novas informações vão contribuir para uma maior compreensão da doença porque não lidamos só com a hanseníase. Na minha rotina, costumo conversar bastante com o paciente que nos procura e tenho estoques para o teste rápido caso seja necessário utilizar diante de uma suspeita. Sempre estou atenta aos sintomas da hanseníase nos pacientes que nos procuram”, informou a enfermeira.
Foram capacitados profissionais do Presídio Carlos Tinoco da Fonseca, Cadeia Pública Dalton Crespo de Castro e Presídio Feminino Nilza da Silva Santos. A população carcerária dessas unidades recebe atendimento médico, psicológico e de enfermagem por meio do PNAISP. Atualmente, cerca de 2.500 internos são atendidos pelo programa nas três unidades.
O PNAISP, implantado no município por meio da portaria nº 2.715, publicada em 2021, busca garantir à população carcerária acesso a uma saúde de qualidade, evitando que os internos precisem se deslocar para consultas externas. Além disso, o programa conta com uma equipe multidisciplinar composta por médicos, enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos, técnicos de enfermagem, farmacêuticos, entre outros profissionais, para atender às necessidades dos detentos nas unidades prisionais.