O início de ano é marcado por altas temperaturas e grandes volumes de chuva, criando o cenário ideal para a proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor de arboviroses como dengue, chikungunya e zika. Em Campos, embora ainda não tenha sido observado um aumento significativo nos casos de dengue, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) segue atenta à evolução da doença, com 166 casos notificados até o momento, e reforça a importância da prevenção e da atenção aos sinais de alerta.
Segundo o diretor da Subsecretaria de Vigilância em Saúde, o infectologista Rodrigo Carneiro, a maior parte dos casos de dengue é leve, com sintomas como febre, dor no corpo e dor de cabeça, que normalmente se resolvem sem complicações. No entanto, ele alerta que alguns pacientes podem evoluir para quadros graves, com complicações como hipotensão, sangramentos nasais, nas gengivas, urina, fezes e nas cavidades internas do corpo, como tórax e abdômen. Esses casos exigem tratamento hospitalar imediato.
“É essencial que a população esteja atenta aos sinais de alerta para casos graves, como sudorese fria, mãos pegajosas, intensa prostração, sede excessiva, náuseas, vômitos intensos e sangramentos. Se esses sintomas se apresentarem, é fundamental procurar imediatamente atendimento médico", destacou Carneiro. Ele também enfatizou que, além da dengue, doenças bacterianas graves como a sepse podem ter sintomas semelhantes, o que torna ainda mais importante a identificação precoce dos sinais clínicos.
O infectologista alerta que quanto maior for o número de casos de dengue, maior será o número de pacientes com critérios de gravidade, como também será maior o número de complicações. “Entre essas complicações, nós podemos ter inflamações no sistema nervoso central, inflamações no coração. A chamada síndrome de Guillain-Barré, que é uma doença em que a pessoa vai perdendo os movimentos das pernas, dos braços e que pode evoluir até para uma insuficiência respiratória”, alertou o médico.
Embora não haja tratamento específico para a dengue, o controle dos sintomas é essencial. Pacientes com febre e dor no corpo devem manter boa hidratação e usar medicamentos comuns, como dipirona, para aliviar a febre e a dor. O uso de anti-inflamatórios, antibióticos e aspirina (AS) deve ser evitado, pois podem piorar a evolução da doença. Caso os sintomas não melhorem após 48 horas, é indicado procurar assistência médica.
Além disso, Rodrigo Carneiro reforça que a prevenção é a chave para reduzir os casos graves de dengue. A doença é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, que se reproduz em água parada. “Por isso, é fundamental que a população faça a vigilância constante em suas residências e terrenos, eliminando focos de água acumulada. Cada um tem a responsabilidade de cuidar de sua casa, alertando vizinhos e familiares para fazerem o mesmo", concluiu o infectologista.
Atualmente, o município investiga um óbito com quadro febril hemorrágico, que já foi descartado como caso de arbovirose, e segue em análise para outras doenças infecciosas pelo LACEN-RJ.