Você sabe quem foram Nina Arueira, Mercedes Baptista, Lucimara Muniz e Antônia Leitão de Alvarenga? Se a resposta for não, a partir de agora a histórias dessas mulheres campistas e de outras figuras femininas que marcaram seus nomes na história da cidade podem ser conhecidas através da cartilha “Mulheres que fizeram e fazem história em Campos dos Goytacazes”. O documento pode ser acessado pela comunidade no portal PAE.
E, como a história é marcada tanto por personalidades ilustres quanto por pessoas da vida cotidiana, na cartilha há também o relato do morador do bairro Jockey Urubatan Miranda da Silva sobre a sua bisavó Benedita da Silva, mulher negra, benzedeira, rezadeira que residia no bairro Jockey Club, onde permaneceu até falecer. Benedita era grande conhecedora das ervas e rezas, tendo acolhido durante muitos anos crianças e adultos, restabelecendo o equilíbrio e a cura através de suas orações.
Na cartilha há ainda destaque para mulheres do cotidiano que são importantes para os estudantes da Rede Municipal, como, por exemplo, a aluna da Escola Municipal Eleonora da Silva Pinto Viana Alice Soares, que contou a história de sua bisavó Cristina Lúcia de Souza Barros; a aluna Maria Vitória de Carvalho, da E.M. Olavo Alves Saldanha Filho, também conquistou espaço falando sobre a avó Maria Antônia Pereira de Carvalho.
Coordenadora de Área da Secretaria de Educação, Ciência e Tecnologia (Seduct), Andrezza dos Santos Almeida Ricci explicou que a ideia da construção da cartilha surgiu com o intuito, inicialmente, de cumprir a lei 14986/2024, que instituiu, a partir de 2025, a Semana de Valorização de Mulheres que fizeram história, a ser trabalhada nas escolas do país na segunda semana do mês de maio.
O objetivo do documento é aproveitar a temática da instância federal para valorizar e ressaltar a importância das mulheres na história do município de Campos. A escolha das mulheres campistas foi feita a partir do histórico de algumas mulheres reconhecidamente importantes para a nossa história, e também pela disponibilidade de documentação.
“Não descartamos a possibilidade de estruturar outras cartilhas que possam enriquecer o ‘fazer pedagógico’ na nossa Rede municipal de ensino. A cartilha é muito importante, porque permite um olhar de pertencimento junto aos alunos e à comunidade pedagógica. É um resgate daquelas mulheres que fizeram história no nosso município e também a valorização de mulheres que fazem parte da vida dos nossos alunos, e colaboram na formação de futuros cidadãos”, disse Andrezza.
O articulador pedagógico de Educação Escolar Quilombola Diego Santos informou que na próxima edição, ano que vem, será realizado um concurso de redação para as escolas. Ele disse ainda que ações como essa vão aos poucos abrindo espaço para uma discussão mais profunda sobre o papel da diversidade na garantia da inclusão social.
“Mês das mulheres não é para flores e consumo capitalista, mas da recordação das ancestrais que vieram antes e lutaram para os avanços que vemos hoje, assim como para o futuro nos fragmentos de memórias perdidas que a Escola muitas das vezes contribui para o esquecimento. Recordar, que na etimologia latina significa com-o-coração, pois acreditava-se que o coração era sede da memória, hoje pode significar em nossos dias renovar os sentidos afetivos da solidariedade, do respeito e do horizonte de luta que ainda precisa ser travada para que possamos de fato viver a democracia e a igualdade”, finalizou Diego.