Com a queda das temperaturas, o inverno se torna uma estação mais crítica para quem convive com doenças cardiovasculares. Segundo o médico cardiologista intervencionista Halim Abdu Neme Makhluf, o frio provoca reações no organismo que podem aumentar significativamente o risco de infarto.
“O frio provoca a vasoconstrição, ou seja, o estreitamento dos vasos sanguíneos, como uma forma de o corpo conservar calor. Esse processo eleva a pressão arterial e sobrecarrega o coração, o que representa um risco maior para quem já tem alguma doença cardiovascular”, explica o médico.
Ele lembra que, além disso, o inverno é uma época em que há maior incidência de infecções respiratórias, como gripes e pneumonias, que também podem afetar o funcionamento do coração, sobretudo em pacientes idosos ou com outras doenças crônicas. “Essas infecções agravam a condição cardiovascular, e por isso é fundamental manter a vacinação em dia”, destaca Makhluf.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, os casos de infarto podem aumentar em até 30% nos meses mais frios. Um estudo publicado na revista Circulation também apontou que o risco de eventos cardíacos fatais é significativamente maior no inverno, especialmente entre pessoas com mais de 65 anos.
Diante disso, é importante estar atento a sinais de alerta. Segundo o cardiologista, dor no peito em forma de aperto, queimação ou opressão, especialmente se irradiar para o braço esquerdo, mandíbula, costas ou estômago, e vier acompanhada de sudorese fria, náuseas, falta de ar ou tontura, deve levar à busca imediata por atendimento médico. Em idosos, diabéticos e mulheres, os sintomas podem ser atípicos, como desconforto abdominal, vômito ou falta de ar súbita, o que exige ainda mais atenção. Ele também explica que é possível diferenciar uma dor muscular comum, que geralmente é localizada, superficial e piora com o movimento, da dor de origem cardíaca, que é mais profunda, concentrada no centro do peito, não se altera com o toque ou movimento e pode vir acompanhada de outros sintomas como náusea e tontura.
Para se proteger, Halim recomenda que as pessoas mantenham-se bem agasalhadas e evitem sair nas primeiras horas do dia, quando as temperaturas são mais baixas e o risco de uma vasoconstrição súbita é maior. Ele reforça a importância de tomar corretamente a medicação prescrita, manter as consultas de acompanhamento em dia, alimentar-se de forma equilibrada e manter uma boa hidratação, mesmo sem sentir sede.
O consumo excessivo de bebidas alcoólicas deve ser evitado, já que também pode sobrecarregar o coração. Outro ponto fundamental, segundo o especialista, é manter o controle da pressão arterial, do colesterol e do diabetes, pois essas condições tendem a se descompensar com mais facilidade durante o inverno.
A prática de atividade física também exige cuidado. “No frio, o esforço físico pode aumentar o risco cardiovascular, principalmente se for realizado ao ar livre, de forma intensa e sem preparação”, alerta o cardiologista. Ele orienta que os exercícios sejam precedidos por um bom aquecimento, que sejam feitos preferencialmente em locais fechados e em horários mais quentes do dia, além de sempre respeitar os limites do corpo e seguir as orientações do médico responsável.