A equipe da Escola Municipal Cláudia Almeida Pinto de Oliveira, localizada em Farol de São Tomé, teve o projeto “Coagulante para tratamento de água a partir do cacto Pilosocereus arrabidae” selecionado para representar o Rio de Janeiro na 6ª Mostra Nacional de Feiras de Ciências, que ocorrerá em Brasília entre 21 e 24 de outubro. Desenvolvido por alunas orientadas pela professora Andressa de Souza Batista e apoiado pelo programa Mais Ciência na Escola, o trabalho propõe um método de purificação de água usando a mucilagem do cacto, uma alternativa de baixo custo e menor impacto ambiental frente aos coagulantes químicos convencionais.
O projeto parte de uma metodologia prática, que consiste em extrair o gel do cacto, preparar soluções experimentais e comparar a eficiência do material vegetal na sedimentação de partículas em amostras de água turva com a de coagulantes químicos. As estudantes monitoram clarificação visual, tempo de decantação e estabilidade do pH, buscando validar um processo simples, replicável em comunidades rurais e com recursos locais. O uso de insumos regionais e renováveis é apresentado como vantagem ambiental e econômica.
A pesquisa já foi conquistou prêmios, como o 1º lugar na XVII FECTI (Feira de Ciência, Tecnologia e Inovação do RJ) em novembro de 2024 e foi apresentado na 30ª edição da feira Ciência Jovem, em Recife. Essas premiações atestam a trajetória que culminou na indicação para a mostra nacional e também a qualidade técnica do projeto e sua capacidade de articular saberes escolares com demandas socioambientais reais.
Além da relevância científica, o projeto é tratado pela comunidade escolar como um vetor de identidade local. Ao trabalhar uma espécie nativa, as alunas conectaram ciência e território, mobilizando parcerias – entre elas com a UENF – e demonstrando como pesquisas escolares podem gerar soluções aplicáveis e sensibilizar para o uso sustentável de recursos. O caráter didático do trabalho também ampliou o interesse dos colegas por disciplinas científicas e tecnologias simples.
A coordenadora do Mais Ciência na Escola, Carla Salles, recebeu a notícia da aprovação do projeto na mostra com muita alegria. “É mais uma grande conquista e uma oportunidade valiosa para que nossos estudantes mostrem o talento, a dedicação e o potencial que vêm desenvolvendo. Os projetos criados por eles merecem visibilidade além dos limites do nosso município – e agora terão a chance de brilhar em nível nacional. Tenho plena confiança de que representarão com excelência a cidade de Campos e o Estado do Rio de Janeiro”, declara.
O subsecretário de Ciência e Tecnologia, Henrique da Hora, celebrou a seleção e destacou o impacto formativo do programa municipal. Segundo ele, iniciativas assim “formam pessoas mais críticas e incentivam o desejo de investigar”. Henrique acrescentou que a indicação para a mostra nacional “nos enche de orgulho e mostra que estamos no caminho certo”, ressaltando o papel inspirador do estudante que irá representar a rede.
No evento em Brasília a escola será representada presencialmente pela orientadora Andressa de Souza Batista e por um dos alunos autores. A dupla apresentará o projeto, explicará metodologia e resultados e participará da troca com outros finalistas. A participação confirma também o formato de seleção adotado pelas mostras nacionais, que privilegiam projetos indicados por coordenadores locais e valorizam diversidade geográfica e temática na escolha dos finalistas.
O Mais Ciência na Escola, programa da Secretaria Municipal de Educação, Ciência e Tecnologia (Seduct) de Campos dos Goytacazes, sustenta iniciativas como esta desde 2021. Estruturado por editais que financiam bolsas e oferecem suporte técnico, o programa já ampliou significativamente a pesquisa escolar. Na 5ª edição foram aprovados 107 projetos envolvendo 81 professores e cerca de 400 alunos em 36 escolas, e em 2025 a previsão é de expansão de bolsas e recursos para laboratórios e bancada.
Além do fomento direto, o Mais Ciência na Escola tem como meta consolidar uma cultura de investigação na rede municipal – com ofertas de bolsas (valores previstos para 2025: R$200 mensais por aluno-bolsista e R$500 mensais por professor orientador), apoio à infraestrutura e inclusão de temas como diversidade e equidade em cerca de 30% dos projetos. A seleção do coagulante feito a partir do Pilosocereus arrabidae é, segundo a Seduct, um exemplo concreto de como o programa transforma curiosidade local em ciência aplicável e visibilidade nacional.