Um projeto desenvolvido por alunos da Escola Municipal Cláudia Almeida Pinto de Oliveira, em Farol de São Tomé, na Baixada Campista, representou a cidade de Campos e o estado do Rio de Janeiro na 6ª Mostra Nacional de Feiras de Ciências, realizada em Brasília, de 21 a 24 de outubro, dentro da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia. Ligado ao Programa Mais Ciência na Escola, o projeto abordou sobre o tema: “Coagulante natural para o tratamento de água a partir do cacto Pilosocereus arrabidae”.
Trata-se de um método de purificação de água usando a mucilagem do cacto, uma alternativa de baixo custo e menor impacto ambiental frente aos coagulantes químicos convencionais. Orientado pela professora Andressa de Souza Batista, o trabalho foi desenvolvido pelas alunas Kevillyn Rangel, Alice Barros e Sônia Chipolecho.
Sônia e Andressa viajaram a Brasília representando a cidade, enquanto Kevillyn e Alice apresentaram o projeto durante a XII Semana Nacional de Ciência e Tecnologia de Campos, realizada pela Secretaria de Educação, Ciência e Tecnologia, no Jardim São Benedito, também na semana passada.
A dupla campista explicou a metodologia aplicada, os resultados obtidos e ainda trouxe novas experiências e vivências na mala de volta para Campos, adquiridas a partir do compartilhamento de ideias com dezenas de outros finalistas. A apresentação rendeu uma indicação para participação na FeNaDANTE (Feira de Ciência e Tecnologia das Nações – Colégio Dante Alighieri), em São Paulo, evento internacional que visa à divulgação anual de pesquisas de pré-iniciação científica desenvolvidas por estudantes de escolas públicas e particulares de diferentes localidades brasileiras e de alguns países.
Já a apresentação de Kevillyn e Alice na Semana Nacional de Campos rendeu novamente uma indicação para representar Campos na Feira Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado do Rio de Janeiro (FECTI-RJ), em dezembro.
“Para a Mostra Nacional, houve a seleção prévia de um projeto de cada estado. Não há avaliação lá, pois é como se a escolha do projeto já fosse o prêmio do projeto de cada estado. Sobre a nossa participação da FeNaDANTE, recebemos uma primeira credencial, vamos submeter o projeto com a indicação para a seleção. Mas a indicação já é uma pontuação extra para que seja aceito. Foi um momento de divulgação do projeto, que gera visibilidade e aumenta a possibilidade de indicações para outras feiras”, explicou Andressa.
A gerente de Popularização e Difusão de Ciência e Tecnologia e coordenadora do Mais Ciência na Escola, Carla Salles, afirmou que a participação na 6ª Mostra Nacional confirma que a Secretaria está no caminho certo e que os estudantes da rede municipal de ensino têm enorme potencial para representar o município e o estado em nível nacional.
“Estamos promovendo uma verdadeira transformação científica, na qual professores e estudantes são os protagonistas. O percurso está claro: nossos alunos participam da Feira Municipal, avançam para a Estadual e, desde o ano passado, também marcam presença em nível nacional. E não vamos parar por aqui. Nossa meta é ampliar essas oportunidades, para que muitos outros projetos trilhem o mesmo caminho e para que nosso município seja cada vez mais reconhecido pela revolução científica que vem realizando na Educação Básica. Parabenizo a professora Andressa e a aluna Sônia por essa conquista e que ela sirva de inspiração para tantos outros estudantes seguirem o caminho da ciência!”, destacou Carla.
Andressa lembrou que a Mostra selecionou apenas um projeto de cada estado. “Foram três dias incríveis de muita troca de conhecimento com outros participantes e de enorme aprendizado com todas as exposições desse que é o maior evento de ciência do país. Tudo isso só foi possível graças ao programa Mais Ciência na Escola, do qual fazemos parte há dois anos e que nos oferece o suporte necessário para desenvolver nossa pesquisa dentro da escola. Foi uma honra ver nossa cidade representando o estado em um evento dessa magnitude, uma experiência que reafirma a importância da curiosidade, da dedicação e do poder transformador da educação científica”, afirmou.
Sônia informou que participa do programa Mais Ciência na Escola há dois anos. “A experiência de participar da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia em Brasília foi simplesmente incrível! Tive a oportunidade de conhecer pessoas de várias regiões do país, entrar em contato com projetos inspiradores e aprender sobre novas culturas. Espero que muitos outros projetos também possam viver essa experiência única. Sou muito grata ao programa Mais Ciência na Escola pelas oportunidades e à minha escola por todo o apoio nessa jornada”, comentou.
Metodologia
O mesmo projeto já havia obtido o 1º lugar na XVII Feira de Ciência, Tecnologia e Inovação do RJ (FECTI) em novembro de 2024 e foi apresentado na 30ª edição da Feira Ciência Jovem, em Recife. Ele parte de uma metodologia prática, que consiste em extrair o gel do cacto, preparar soluções experimentais e comparar a eficiência do material vegetal na sedimentação de partículas em amostras de água turva com a de coagulantes químicos. As estudantes monitoram clarificação visual, tempo de decantação e estabilidade do pH, buscando validar um processo simples, replicável em comunidades rurais e com recursos locais.
Ao trabalhar uma espécie nativa, as alunas conectaram ciência e território, mobilizando parcerias — entre elas com a Uenf — e demonstrando como pesquisas escolares podem gerar soluções aplicáveis e sensibilizar para o uso sustentável de recursos. O caráter didático do trabalho também ampliou o interesse dos colegas por disciplinas científicas e tecnologias simples.
Mais Ciência na Escola
O Mais Ciência na Escola é um programa de bolsas de estudo que, neste ano, contemplou 107 projetos, envolvendo 81 professores e cerca de 400 alunos de 36 escolas. Além do conhecimento científico e técnico, os alunos recebem R$ 200 mensais e R$ 500 mensais por professor orientador, além de uma taxa de bancada de R$ 1.000 — dividida em duas parcelas de R$ 500.