A médica pediatra do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Sylvia Maria Porto Pereira encerrou o II Encontro de Pais e Cuidadores de Bebês Prematuros de Campos. O evento aconteceu na quinta (15) e nesta sexta-feira (16), no auditório da Faculdade de Medicina de Campos. Ela é autora do livro A Neonatologia além da UTI Neonatal e falou sobre as experiências das famílias com a prematuridade.
O vice-prefeito e secretário de saúde, Doutor Chicão, deu as boas-vindas aos profissionais de saúde e pediu para que eles colaborem no fortalecimento da Atenção Básica, no diagnóstico precoce de doenças e num acompanhamento de pré-natal mais humano e acolhedor. “A alta complexidade e a terapia intensiva pediátrica são muito importantes, claro, mas devemos cuidar bem da Assistência Básica, contribuindo para a prevenção de doenças, que é um dos projetos da prefeita Rosinha Garotinho”, destacou.
O diretor de Vigilância em Saúde, Charbell Kury, também participou do evento. O médico obstetra de Porto Alegre (RS) e protagonista do documentário “O Renascimento do Parto”, de 2013, Ricardo Herbert Jones, também ministrou palestra abordando o tema “Colapso. As inter-relações entre cesariana e prematuridade”. Segundo ele, a prematuridade é o elemento final de uma série de transtornos e pode estar ligada a questões psicológicas.
- Uma em cada 10 crianças brasileiras nasce prematura. Nos Estados Unidos, a cada ano, meio milhão de crianças nascem com menos de 37 semanas. No Brasil, em 1997, 5.5% dos partos eram prematuros. Esses números só estão aumentando. Estudos estão sendo feitos para descobrir as principais causas da prematuridade, mas são inúmeras: poluição, aumento da idade materna, relação médico-paciente, entre outros fatores – afirmou o especialista.
De acordo com o palestrante, 54% dos partos no Brasil são cesarianos. “Os médicos estão interferindo absurdamente neste processo. Com isso, o perfil respiratório das crianças prematuras torna-se diferente das demais crianças. Elas sofrem muito quando nós não respeitamos o momento delas. Estamos subvertendo essa ordem e fazendo com que as crianças nasçam a partir das nossas necessidades e não as necessidades delas. Precisamos acabar com essa barbárie da cesariana sem indicação no país”, alertou.
O coordenador do evento, médico Luís Alberto Mussa Tavares, especialista em aleitamento materno e prematuridade, e autor do livro “Uma Declaração Universal de Direitos para o Bebê Prematuro", lançou o vídeo “O filho que eu quero ter”. Ele homenageou as famílias de bebês prematuros e doou livros da especialista da UFRJ. A programação incluiu, ainda, curso sobre amamentação, apresentação de vídeo-mensagens de todo o Brasil para as famílias prematuras participantes, leitura dramatizada do texto “Os Dias de UTI”, exposição “Pequenas grandes lembranças”, entre outras atividades.
Para a nutricionista Juliana Nunes, a palestra foi esclarecedora. “Me motivou a lutar pelo direito de realizar meu sonho, que é parir de forma natural e sendo respeitada, junto com meu bebê, no que diz respeito aos laços afetivos inerentes a esse momento”, afirmou. Talita Maia Araújo deixou um recado: “Para quem perdeu o evento, sinto muito! Foi bom demais. Parabéns”, disse.