Conhecer o diagnóstico do município, principalmente, em relação à realidade da parcela da população assistida pela superintendência da Igualdade Racial, que vive em situação de vulnerabilidade social e desenvolver políticas públicas para mudar a atual situação. Este foi o principal objetivo da reunião realizada na quinta-feira (09) com a professora da Universidade Federal Fluminense (UFF), Érica Almeida, membro do Núcleo de Estudos em Trabalho, Cidadania e Desenvolvimento (Netrad). Ela foi recebida pela superintendente Lúcia Talabi; o superintendente adjunto, Rogério Siqueira, e os diretores de Projetos, Simone Pedro, e de Programas, Diogo Lima.
Durante a reunião, a professora Érica entregou uma cópia da publicação “Diagnóstico das condições socioeconômicas da infância e da juventude de Campos”, elaborada em conjunto com o Conselho Municipal de Promoção aos Direitos da Criança e do Adolescente (CMPDCA), além de dados mais atualizados sobre o perfil encontrado, principalmente, nos bairros periféricos do município.
— Fizemos um diagnóstico que qualquer pessoa pudesse ler e entender abordando também essa questão do petróleo, que não conseguiu mudar a realidade dessas famílias em situação de vulnerabilidade. É claro que hoje existem outras questões, como a violência contra a mulher, os conflitos nas escolas, o racismo, entre outros — disse Érica, que alertou para a questão da violência envolvendo jovens negros de periferia.
Érica ressaltou, ainda, que em uma pesquisa mais recente, coordenada por ela, onde foram ouvidas usuárias do Programa Bolsa Família, foi constatado que jovens de 18 a 24 anos estão mais bem colocados no mercado de trabalho se comparados a jovens de 25 a 29 anos. “Os de 25 a 29 anos saíram da escola semi-analfabetos e sem elementos para atender às exigências do mercado de trabalho”. Outro dado, apresentado pela pesquisadora, é o alto índice de jovens que engravidam e, depois da maternidade, abandonam os estudos para cuidar dos filhos.
Dentro da mesma temática, foi levantada a questão da identidade da população negra que, muitas vezes, não encontra na sociedade a acolhida necessária para que haja maior aceitação dos costumes e da cultura, o que consequentemente levaria a uma melhor qualidade de vida e maior abertura para diferentes campos. “É uma luta de muitos anos e que vai durar muito tempo ainda. Mas estamos fazendo um trabalho transversal e queremos envolver toda administração municipal. No próximo dia 21, estaremos lançando uma campanha contínua anti-racismo”, informa Lúcia Talabi.
— Queremos contar com a expertise das universidades, que têm os estudos e diagnósticos e podem nos orientar sobre as audiências para debater todas essas questões e, assim, possamos desenvolver políticas públicas que vão garantir melhores oportunidades e qualidade de vida para todos — ressalta a superintendente de Igualdade Racial.