As aulas dos cursos de auxiliar de administração e maquiagem para pele negra, oferecidos pela Superintendência de Igualdade Racial (Supir), em parceria com o Educatrend, entram na terceira semana. Ao todo, são 160 pessoas nos dois cursos, que ocorrem na sede da superintendência. O tempo de duração é de nove meses, para administração e cinco meses o de maquiagem. Alunos, parceiros e professores comemoram a iniciativa da Supir que está descentralizando os cursos para atender melhor a população. Ainda este ano, a expectativa é de abertura de mais de 1200 vagas nas mais diversas modalidades, nas áreas artística e profissionalizante.
O superintendente da Igualdade Racial, Rogério Siqueira, comemora a adesão e fala sobre as expectativas, ainda para 2019. “Os cursos foram sucesso de inscrições, estão com turmas cheias e são completamente gratuitos, seguindo critério de seleção baseado nas cotas raciais e sociais. Estamos muito felizes em estar atendendo essa parcela da população, podendo fazer esse recorte étnico-racial e social. É uma meta, um objetivo da Supir. Vamos oferecer 1260 vagas, aproximadamente, em cursos, em competência das artes, como violão, teatro e dança, e cursos profissionalizantes como maquiagem para pele negra e administração, além dos preparatórios, como pré-vestibular e pré-IFF, no médio técnico e preparatório militar. Vamos ter ainda, atendente de farmácia, cuidador de idoso. Estamos muito felizes porque a adesão dos alunos tem sido grande”, comemora.
Rogério fala ainda das modificações estratégicas na atuação da superintendência, para tornar mais eficaz o atendimento à população.
— A partir deste semestre, começamos a descentralizar alguns cursos, levando para mais próximo das comunidades, atendendo a uma demanda antiga, para que as pessoas não tenham que se deslocar até o Centro. Mudamos todas as plataformas e as dinâmicas dos cursos da Supir para melhor atender a população e já estamos vendo resultados — pontua.
Para Isabel Cristina Lourenço Xavier, aluna do curso de maquiagem, essa é uma oportunidade de atender à própria demanda, já que é difícil encontrar bons maquiadores para pele negra e, também, atender esse nicho de mercado.
— Eu acho esse curso muito importante, por ser para pele negra, pela dificuldade que a gente tem de encontrar profissionais que nos atendam bem, quando precisamos. Além disso, vai ser uma ótima oportunidade de se conseguir uma renda extra — disse a aluna.
O maquiador Binho Dutra diz que o curso é importante exatamente por essa necessidade, quando mulheres negras têm dificuldade de encontrar profissionais gabaritados.
— Os profissionais têm medo de deixar erro na pele negra, que era o que acontecia antigamente, por falta de produtos. Hoje não existe essa falta de produtos, mas as pessoas têm um medo cultural. Esse curso vem para gente desmistificar isso e fazer com que os profissionais quebrem esse tabu. Qualquer trabalho, quando tem que ser bem feito é difícil. Qualquer pele é um desafio. Em sua maioria elas são negras, então vai ser muito melhor. Esse curso vem como divisor de águas e que venham mais — disse o profissional.
Para o diretor do Educatrend, Paulo Victor da Silva Miguel, essa é uma oportunidade de colaborar com a qualificação de pessoas e mudar vidas. “A expectativa é sempre das melhores. É uma parceria de sucesso com a Supir e nós ficamos admirados com a quantidade de pessoas que procurou. Esse é o principal objetivo da Educatrend, qualificar pessoas, despertar sonhos para que elas possam entrar no mercado de trabalho, se auto sustentar e melhorar sua autoestima, com uma especialização”, disse.
O professor do curso de Administração, Cláudio Gomes, elogia a parceria e espera que seja replicada em outros órgãos. “Eu espero que esse curso desperte nos alunos uma paixão pela profissão. Essas realizações, através de parcerias, devem ser exemplos para outras instituições. É uma excelente iniciativa e deve ser seguida por outras esferas do governo. O empresário tem que entender que quanto mais oportunidades ele der, isso retorna como um bem para ele mesmo. Pensando no sentido coletivo, quando eu faço um bem para outro, lá na frente, isso retorna como um bem para mim”, disse ele frisando que após se formarem, os alunos vão poder atuar em todas as áreas do mercado de trabalho.