Já estão em andamento as ações do Grupo de Trabalho (GT) criado, por determinação do prefeito Rafael Diniz, para atender às Comunidades Tradicionais de Terreiro, vítimas de racismo religioso. O encontro que gerou o grupo, aconteceu na última quinta-feira (06) entre o superintendente da Supir, Rogério Siqueira e a subsecretária de Governo, Daniela Tinoco, com representantes da Secretaria de Governo, Secretaria Municipal de Desenvolvimento Humano e Social (SMDHS) e Superintendência de Justiça. Esta semana, já foram realizadas reuniões com as vítimas, reunião de orientação com as equipes e atendimento. Todo o trabalho vem sendo acompanhado por membros do Fórum de Religiões Afro-brasileiras (Frab).
O presidente do Frab, Gilberto Totinho, explica que pessoas ligadas ao tráfico de drogas, a partir de uma autodeclaração religiosa, passaram a invadir as Comunidades de Terreiro, depredá-las e a agredir física e moralmente seus ministros e adeptos.
— O cenário desta fatídica realidade é que essa violência tem sido realizada, sobretudo, em áreas sociabilidade violentas e de maior vulnerabilidade socioeconômica onde o terrorismo narco-neopentecostal tem promovido uma série de violências religiosas de ordem simbólica, física e material, contra integrantes e comunidades de nossa raiz ancestral e este quadro está em progressão de forma assustadora — disse, lembrando ainda que sem o devido amparo, essas lideranças religiosas têm receio de ir às delegacias e registrarem suas ocorrências.
Para Thiago Côrtes, da Superintendência de Justiça e Assistência Judiciária, fica claro, a partir dos relatos das vítimas, o racismo religioso, praticado por traficantes em diversos pontos de Campos.
— Essa reunião de hoje foi para preparar a equipe para atendimento a essas pessoas. A visão é de racismo religioso e nosso papel é tomar esses relatos e encaminhar ao Ministério Público e Polícia Militar para que sejam tomadas medidas de proteção a essas famílias — disse o advogado.
A assistente social Raquel Almeida, da SMDHS, caracteriza como alarmante, que o racismo ainda impeça cidadãos brasileiros de acessarem direitos individuais e que leve perigo à existência de comunidades inteiras. “Ficou perceptível que os ataques às Religiões de Matriz Africanas chegaram a um nível insuportável. Não estamos falando só de números, mas sim da gravidade desses casos. Apesar do nosso trabalho diário e das demandas, é muito difícil dizermos que a intolerância religiosa no Brasil é um desafio para a convivência democrática, porque nós ficamos estarrecidos, quando ouvimos de um ser humano, um cidadão, que ele não pode professar a sua fé, por não ser aceito pelos demais. A SMDHS, tratou com o GT a promoção de políticas e serviços que venham auxiliar diretamente no combate à discriminação e intolerância religiosa”, disse.
O superintendente da Igualdade Racial, Rogério Siqueira, conta que se reuniu com o Frab, na sede da Supir para analisarem as especificidades dos casos. “Cada caso, embora a motivação seja a mesma, a motivação é um ataque em função da religiosidade, da fé, cada caso se desdobra de maneira diferente, então por isso, a equipe é multidisciplinar. Organizamos essas equipes com acompanhamento do Frab, para que o atendimento seja específico e para consigamos dar conta das especificidades de cada caso. Estamos focados em atender a essas vítimas e preparar um plano de ação preventivo, referenciando as comunidades tradicionais, para que possamos ter ações preventivas e reações mais rápidas quando, por ventura, acontecer outro tipo de ataque dessa natureza”, pontuou o superintendente.