O Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento para a População em Situação de Rua (CIAMP) de Campos promoveu a I Reunião Ampliada em Comemoração ao Dia Nacional de Luta da População em Situação de Rua nesta sexta-feira (23). Na ocasião, o órgão, ligado à Secretaria Municipal de Desenvolvimento Humano e Social (SMDHS), apresentou o relatório do censo com o diagnóstico situacional referente a esse público atendido pelo Centro de Referência para População em Situação de Rua (Centro Pop). A Reunião aconteceu no auditório da Prefeitura.
O levantamento foi realizado por pesquisa amostral, entre os dias 07 e 30 de maio deste ano e identificou 131 pessoas em situação de rua. O objetivo é discutir estratégias, levantar desafios e recomendações sobre a realidade desse grupo, a fim de quantificar e conhecer os modos de vida e as características socioeconômicas desse segmento, visando formular políticas públicas direcionadas.
A diretora do Departamento de Proteção Social Especial (DPSE), Elma Sizenando, representou o secretário Marcão Gomes. "É notório o empenho do Marcão no cuidado e no olhar para com essa população. É muito bom ter feito parte desse processo de implantação do Comitê e um orgulho muito grande ver o quanto já caminhamos", disse.
A gerente de Proteção Social Especial de Alta Complexidade da SMDHS, Anne Caroline Cardoso, que é presidente do CIAMP, informou que o Comitê é previsto pela Política Nacional para a Pessoa em Situação de Rua. "Realizamos encontros mensais tentando fomentar os avanços dos serviços ofertados. Temos uma Política Pública ampla de atendimento. É importante que a sociedade civil entenda e reconheça o trabalho desenvolvido, que é feito com base na intersetorialidade, em parceria com outros órgãos como Secretaria de Educação, Saúde, Superintendência de Trabalho e Renda, entre outros", comentou.
A assistente social e professora da Universidade Federal Fluminense (UFF), Leda Barros, falou sobre o tema As Políticas Sociais Públicas e PSR: Desafios frente à conjuntura atual.
"A tendência da sociedade é naturalizar tudo que envolve o universo da precarização das condições de vida. A pobreza não é um fenômeno de incapacidade do indivíduo de prover sua subsistência. É uma expressão de múltiplas desigualdades.Temos em nosso país uma história de exclusão e expulsão desde a sua fundação que deve ser levada em consideração. Campos faz um empenho muito grande para combater essa questão. Com todos os processos que já vivemos, temos referência de setores muito organizados aqui. Não é possível discutir programas sociais se os sujeitos sobre os quais estamos falando não estão dialogando conosco. E aqui em Campos, eles estão participando das discussões", discursou.
O psicólogo e vice-presidente do CIAMP, Ederton Rossini, afirmou que o Comitê de Campos conta com representatividade dos moradores de rua. "Este têm direito a voz e vez. Não existiria legitimidade discutir esse assunto sem a presença deles. Hoje é mais um momento importante de luta", destacou.
A programação contou, também, com apresentação das atividades do Abrigo Noturno de Inverno, da Casa de Passagem e do Abrigo Lar Cidadão, feita pelos coordenadores de cada unidade.
CENSO - Em relação ao perfil da amostra das pessoas abordadas no Censo, destaca-se a prevalência de homens (82,44%) estando em consonância com a Pesquisa Nacional realizada em 2009, que apontou 82% de homens em situação de rua. No que se refere à faixa etária, as pessoas que acessam o serviço do Centro Pop são maiores de 18 anos, destacando a faixa etária entre 27 anos e 43 anos, totalizando 56,49% da amostra de 131 pessoas. Em relação ao estado civil, 75% declararam ser solteiros.
A maioria das pessoas é de Campos, apresentando 44,27% do total de 131 pessoas. Mas há naturais de Macaé, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais, por exemplo. O principal motivo das pessoas saírem das suas cidades de origem é o desemprego, seguido pelos conflitos familiares e os territoriais. No que tange ao desejo de retornar à cidade de origem, destaca-se a negativa, com 33% dos casos entrevistados. Além disso, 67% das pessoas afirmaram possuir algum tipo de vínculo familiar, mesmo este sendo fragilizado ou rompido.
Sobre a questão da escolaridade, 5% informaram não possuir escolaridade, destaca-se o Ensino Fundamental, com 74 % das pessoas entrevistadas. Em relação à profissão, destaca-se as ocupações no ramo da construção civil e serviços gerais, com 22,14% e 14,50% respectivamente. Em relação ao desejo de conseguir trabalho, 73% das pessoas afirmaram que pretendem ter alguma atividade remunerada, e 50% das pessoas afirmaram não terem tido vínculo de trabalho formal, com carteira assinada. Os principais motivos de estarem em situação de rua são os conflitos familiares, o desemprego e a dependência química, estando em consonância com a Pesquisa Nacional de 2009.