Profissionais de diferentes setores da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Humano e Social (SMDHS), como Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) e Centros de Referência Especializados de Assistência Social (CREAS), participaram do Seminário "Automutilação e Suicídio: como andam as relações?". O encontro promovido pelo Centro de Integração Empresa Escola (CIEE), instituição parceira da Prefeitura de Campos, aconteceu no auditório da Universidade Cândido Mendes nesta sexta-feira (27).
A programação contou com presenças do Superintendente Executivo do CIEE-Rio, professor Paulo Pimenta; da psicóloga do CIEE Campos, Letícia Azeredo; e da assessora de assistência social do CIEE-RIO, Tatiana Monteiro, que falou sobre a Vigilância Socioassistencial do órgão.
A psicóloga e pesquisadora de prevenção e pósvenção de suicídios, pós-graduada em Psicoterapia Existencial e Gestalt-Terapia, Zilene Alves, abordou o tema "Desmistificando esteriótipos". "De acordo com dados de 2018 da Organização Mundial da Saúde (OMS) e Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), suicídio é um problema de saúde que atinge países de baixa, média e alta renda. Mais de um milhão de pessoas tiram a própria vida no mundo a cada ano", destacou Zilene.
Psiquiatra da Prefeitura de Campos e professor da Faculdade de Medicina de Campos, Cláudio Teixeira, apresentou a visão epidemiológica do tema. Ele é pós-graduado em Política e Pesquisa em Saúde Coletiva, e afirmou que, no Brasil, 11 mil pessoas tiram a própria vida por ano, sendo a quarta maior causa de mortes no país, e a segunda maior causa de morte entre os jovens de 15 a 29 anos de idade.
- Segundo a OMS, 90% dos suicídios poderiam ser evitados. Oferecer ajuda é muito importante, para tirar o indivíduo do sofrimento insuportável. Esses indivíduos não querem chamar a atenção nem abrir mão da vida, querem aliviar a dor. Nos homens, mais de um terço das tentativas se tornam suicídios efetivamente. Essas pessoas precisam de muita ajuda, chamá-las de histéricas é condená-las à morte. O silêncio mata. Falar é a melhor solução - disse o psiquiatra.
O fundador do Instituto de Saúde Mental e do Comportamento, professor de Filosofia e psicanalista do Instituto Ver Além, Diogo Bonioli, abordou o tema "Contribuições sobre o fenômeno de suicídio e da automutilação em jovens: um percurso da sociologia à psicanálise do masoquismo e da autoagressão". "O masoquista visa alcançar a reparação da culpa pela fantasia. Froid explica que quando o luto não se recupera, é porque você não perdeu só alguém, mas um pedaço de você naquilo ou naquele que você perdeu. Esse livro pode virar uma melancolia e, para muitas pessoas, a morte vem para calar a dor que não se consegue mais suportar", explicou.
A mediação dos debates ficou por conta do assistente social e professor Edvaldo Roberto. Ele é consultor do Instituto de Ação Social - Capemisa Social, pesquisador do Núcleo Integrado de Estudos e Pesquisas em Seguridade e Assistência Social - Departamento de SESO - PUC/RJ.