Nesta quarta-feira (20) data em que é celebrado o Dia da Consciência Negra, a Superintendência de Igualdade Racial (Supir) participou do I Fórum Municipal sobre o Genocídio Negro no Brasil. O evento foi realizado no Museu Histórico de Campos, em iniciativa do Movimento Negro Unificado (MNU), junto ao Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial, ao qual a Supir compõe. Durante o fórum, a Supir propôs homenagem aos capoeiristas campistas, através da Liga de Capoeira de Campos.
O superintendente de Igualdade Racial, Rogério Siqueira, ressaltou o significado de discutir nesta data especial, dia de reflexão a demandas e aflições do povo negro no Brasil e em especial no município.
- É de extrema importância discutir e refletir as questões que atingem o negro de maneira geral na sociedade brasileira. Neste encontro, discutimos o genocídio negro. Algo que acontece por conta de um racismo histórico, que nos estereotipia e transforma em alvo. Conversamos também sobre o racismo forte às religiões de matrizes africanas. O movimento negro acerta quando propõe esse debate, que se faz fundamental. Aproveitamos a oportunidade para problematizar questões como essas em âmbito municipal e propor caminhos através de políticas públicas – pontuou.
Rogério lembrou ainda que, mais de 70% dos homicídios no país tem como vítimas jovens negros periféricos, e que ao longo dos últimos anos a violência contra a mulher branca diminuiu e contra a mulher negra, aumentou. Buscando ações para combater o racismo e a desigualdade ao povo negro, a Supir idealizou um pacote de medidas, com algumas delas já apresentadas neste 20 de novembro. Uma das iniciativas foi publicada em Diário Oficial do Município de quarta-feira (20).
Pioneiro em todo o país segundo o MNU, Campos passa a ter um grupo de trabalho para combate ao preconceito a religiões de matrizes africanas. O grupo irá receber denúncias e propor políticas públicas contrárias à intolerância religiosa. Foi anunciado também o programa Bonde do Futuro, que irá oportunizar formação profissional – através de cursos profissionalizantes – e encaminhamento ao mercado de trabalho, a jovens negros periféricos. As inscrições tem previsão para janeiro e perspectiva de 900 vagas.
O encontro no Museu Histórico aconteceu em conjunto com diversos movimentos, como o Fórum Municipal de Religiões Afro Brasileiras, Movimento Campista de Pesquisa da Cultura Negra, Instituto de Desenvolvimento Afro do Norte e Noroeste Fluminense, Escola de Arte e Cultura Popular Mãos Negras, bem como a Liga de Capoeira de Campos, que recebeu certificado de reconhecimento pelo trabalho desempenhado pelas 20 associações de capoeira do município.
- Primordial discutir, tratar o que é o genocídio negro, que entendemos como a morte de todas as formas de cultura de povos negros. Dentro desse fórum trazemos à pauta os grupos prioritários - mais atacados pela política de genocídio -, que são mulheres, juventude, LGBTs e religiões de matriz africana - contou Manuelli Ramos, coordenadora estadual de juventude do MNU.