Profissionais do Sistema de Garantia de Direitos da cidade de Campos participaram de capacitação, nessa segunda-feira (25), com o objetivo de identificar e prevenir o abuso, a violência e exploração sexual de crianças e adolescentes. O evento aconteceu no auditório Rubens Arêas Venâncio da Associação Comercial e Industrial de Campos (ACIC) e contou com diversos representantes da Prefeitura de Campos.
Profissionais da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Humano e Social (SMDHS) estiveram presentes. Eles atuam nos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) e Centros de Referência Especializados de Assistência Social (CREAS). Além deles, marcaram presença profissionais da Guarda Civil Municipal, conselheiros tutelares, conselheiros de Direito, policiais civis e militares, professores e voluntários.
Organizado pelo Delegado da Polícia Federal e deputado federal, Felício Laterça, o seminário contou com palestra do diretor do Departamento de Enfrentamento de Violações aos Direitos da Criança e do Adolescente, também delegado da Polícia Federal, Clayton Bezerra. O Departamento é ligado à Secretaria Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente - do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.
Formado em Direito e doutor em Ciências Jurídicas e Sociais, Clayton é um dos organizadores da Coleção de Livros “Doutrina e Prática – A visão do Delegado de Polícia”, da Editora Letras Jurídicas, juntamente com seu colega de profissão, Giovani Celso Agnoletto. Trata-se de uma coleção de livros sobre temas jurídicos e a rotina de trabalho tanto da Polícia Federal quanto da Polícia Civil, incluindo tema relacionado ao combate à pedofilia.
— Mais de 70% dos casos de abuso ocorrem dentro das casas das vítimas, muitas vezes pelos pais que deveriam exercer seu papel de protetor. Ou seja, o abusador conhece a vítima, na grande maioria dos casos. Existe muito medo por parte da mulher em denunciar, de acabar com o núcleo familiar, de não ser acreditada, entre outros motivos. Muitas pessoas vão ao hospital por causa dos problemas físicos, causados pela violência sofrida, mas não chegam a fazer o registro de ocorrência — afirmou o delegado Bezerra.
Segundo Bezerra, desde 1929, existem estudos científicos sobre o abuso sexual. No entanto, um grande problema são os dados não centralizados. “Temos dados na escola, na polícia, no conselho tutelar, na saúde, mas esses dados não se comunicam”, relatou. Ele lembrou que esta é uma capacitação que ocorre durante um ano, dividida em oito etapas, “para que toda essa rede trabalhe em harmonia, identificando onde estão os gargalos e as falhas na proteção da criança e do adolescente”, concluiu.
Segundo o organizador, deputado Laterça, a capacitação também ocorreu em Cabo Frio e Macaé. “Não podemos banalizar a violência e, muito menos, essa violência, especificamente. É mais importante prevenirmos sempre”, disse o deputado.