Passagens nas mãos, bolsa de viagem pronta e conferida, e um sorriso no rosto de quem sabe que vai reencontrar a família em algumas horas em Campina Grande, na Paraíba, Nordeste Brasileiro. É assim que se encontra, nesta sexta-feira (6), Ronaldo Sérgio Leandro Rodrigues, 44 anos. Após viver em situação de rua por algumas semanas em Campos, foi localizado pelas equipes de abordagem social do Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro Pop), da Prefeitura de Campos, e referenciado para o Abrigo Lar Cidadão, onde permaneceu sob os cuidados de uma equipe multiprofissional recebendo atendimento humanizado e dignidade. Ele estava há oito anos sem ver o filho e, graças ao excelente trabalho prestado pelos profissionais da unidade, vai celebrar o aniversário dele junto dos familiares na próxima semana.
“Esse é mais um caso de sucesso de reinserção familiar e social, e estamos muito felizes com o resultado, porque se trata de mais uma família reconstruída. É um trabalho em equipe muito bem feito, com responsabilidade e zelo. O ônibus do Ronaldo parte às 18h30 da Rodoviária Shopping Estrada”, afirmou o secretário municipal de Desenvolvimento Humano e Social (SMDHS), Marcão Gomes.
Segundo a coordenadora do Abrigo Lar Cidadão, que se tornou a casa de Ronaldo nos últimos dias, Camile Nunes, ele também passou pela unidade conveniada à Prefeitura, Educandário do Cegos São José Operário, pois apresenta uma deficiência visual. “Após passar pelo Educandário e ser encaminhado ao Abrigo, ele evadiu, e foi encontrado pela AutoPista Fluminense perambulando às margens da BR 101. A AutoPista fez contato com o Centro Pop que o encaminhou novamente para o Lar Cidadão. Mas, dessa vez, ele aceitou o acolhimento e demonstrou vontade de voltar para a família”, explicou Camile.
A coordenadora detalhou como localizou a família do Ronaldo. “Durante uma conversa, ele revelou que já fez acompanhamento no CAPS 2 de Campina Grande. Ligamos para o CREAS de lá que nos ajudou a entrar em contato com o CAPS, onde localizaram o prontuário e nos enviaram o contato da família, que se disponibilizou a enviar o dinheiro da passagem de volta. É um trabalho em rede que funciona, envolvendo a saúde mental e a assistência social”, afirmou Camile.
Ronaldo conversou com a mãe de 82 anos por telefone e demonstrou muita saudade. Ele também falou do atendimento no Abrigo. “Gostei muito do Lar Cidadão, os funcionários da Casa me trataram bem. Aqui não é hotel nem hospedaria, mas pra mim é como se fosse uma Embaixada. Estou muito feliz em poder reencontrar minha família, sei o que vou encontrar por lá e sei das coisas que tenho que fazer a partir de agora. Estou muito tranquilo com a possibilidade de passar o aniversário do meu filho junto dele. Isso me traz alívio”, disse emocionado.
Por telefone, a irmã de Ronaldo, Maria das Graças, elogiou o trabalho da Prefeitura de Campos. “É um trabalho em equipe muito bem feito. Todos têm um coração muito grande e ajudam a muitas famílias. Foi Deus quem permitiu que ele ficasse aí. Abaixo de Deus, sou muito grata a vocês por tudo que fizeram pelo meu irmão, até colocar ele no ônibus de volta pra casa da minha mãe”, comentou.
Outro irmão, Deocélio também agradeceu. “Só Deus pra pagar o que vocês fizeram por nós e por tantas outras pessoas necessitadas. Essa é uma grande missão. Deus abençoe vocês sempre. Camile e toda a equipe fizeram um trabalho excelente. São anjos da guarda", disse.
Segundo a diretora do Departamento de Promoção Social Especial da SMDHS, Anne Caroline Cardoso, o Lar Cidadão oferta o serviço socioassistencial na modalidade de acolhimento institucional provisório para população em situação de rua. A Secretaria de Desenvolvimento Humano e Social mantém, ainda, outro abrigo provisório, a Casa de Passagem, onde o prazo de permanência é de três meses, podendo ser prorrogado pelo mesmo período.
Além disso, a Secretaria tem convênio com o Albergue Francisco de Assis, ligado ao Grupo Espírita Francisco de Assis, que oferece Serviço de Acolhimento para adultos e famílias (pernoite), para onde a Secretaria repassa mensalmente mais de R$ 13 mil. “Os acolhimentos institucionais da Secretaria trabalham com o objetivo de reintegração social dos usuários, por meio do desenvolvimento da autonomia, empoderamento e resgate da cidadania”, orientou Anne.