Prestação de Contas Cultura - A Cultura e o Lazer estão entre os direitos fundamentais garantidos na Constituição Federal. Direitos estes que receberam atenção especial em Campos nos últimos anos, com investimentos na área desde janeiro de 2017. Reivindicação antiga de quem vive da Arte e da Cultura na cidade, Campos ganhou seu primeiro Plano Municipal de Cultura, que norteará as ações para o segmento nos próximos 10 anos, a contar de 2021. Também durante os últimos quatro anos, a sociedade civil foi conduzida à presidência do Conselho Municipal de Cultura (Comcultura), outro feito inédito no município até então. A partir da participação efetiva dos artistas no órgão que integra a estrutura básica da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima (FCJOL), eles puderam acompanhar de perto e discutir os incrementos para o setor, como a reabertura do Teatro de Bolso, a retomada das obras do Palácio da Cultura e demais melhorias neste período.
A presidente da FCJOL, Cristina Lima, destaca que o Plano Municipal de Cultura, elaborado com a participação efetiva da classe artística local, foi enviado recentemente à Câmara Municipal. O Plano é constituído por quatro grandes diretrizes, dois objetivos, 25 estratégias, 37 metas e 83 ações que vão direcionar as políticas públicas voltadas para a área. “Já o Comcultura, órgão colegiado deliberativo e paritário, tem à sua frente, pela primeira vez, um representante da sociedade civil. Isso democratizou o órgão, que até então era presidido por representantes do poder público”, comemorou.
Cristina Lima lembra que a parceria sociedade civil e poder público resultou em inúmeras ações planejadas para incentivar as produções culturais na cidade. “Só no Teatro Municipal Trianon, em três anos, foram realizados 265 eventos, que reuniram 173.315 pessoas. Já o Teatro de Bolso Procópio Ferreira foi reaberto e recebeu 31.827 expectadores em 108 espetáculos realizados, nos quais 3.045 artistas foram envolvidos. Lembrando que 95% dos que pisaram no palco do Teatro de Bolso eram campistas”, pontuou Cristina. Os números poderiam ser ainda mais expressivos, não fosse o isolamento social imposto pela pandemia do novo coronavírus.
Seja nos teatros, praças e eventos populares, os artistas de Campos ganharam mais espaço para suas apresentações. No segundo domingo de cada mês, no período anterior à pandemia, acontecia o “Viva o Jardim São Benedito”, com manhãs musicais. No terceiro sábado de cada mês, o Parque Alberto Sampaio recebia um show dos mais variados ritmos, sempre com artistas locais.
Ainda a respeito da valorização dos artistas da planície, a primeira edição do Canta Campos — Festival de Música Amador — foi realizada em 2019, nas tardes de sábado, no Jardim São Benedito. O objetivo foi revelar vozes campistas. A vencedora, Laurah Pessanha, de 11 anos, gravou um CD e participou da programação do Alô Farol 2020. As 19ª, 20ª e 21ª edições do FestCampos de Poesia Falada também foram formas de estimular a arte na cidade, assim como as três edições do Concurso de Contos José Cândido de Carvalho.
Depois de anos de abandono, o Palácio da Cultura teve suas obras reiniciadas com apoio da iniciativa privada, sem despesas para a prefeitura. Graças a um acordo judicial, a obra – orçada em R$ 1,2 milhão – foi custeada pela empresa responsável pela demolição do antigo Casarão Clube do Chacrinha, que fica na esquina das ruas 13 de Maio e Saldanha Marinho. A obra já está pronta e entregue. No entanto, sua inauguração depende da finalização do processo de aquisição dos bens, já que, por força de disposição legal, não pode haver transferências voluntárias de recursos da União para estados e municípios durante o período eleitoral, como é o caso dos recursos para arcar com quatro licitações já realizadas e concluídas pela Prefeitura, visando a aquisição de material de áudio e vídeo, informática, mobiliário e ar condicionado para o prédio.
“A 10ª Bienal do Livro de Campos, que aconteceu entre os dias 20 e 25 de novembro de 2018, no campus-Centro do Instituto Federal Fluminense (IFF), recebeu cerca de 60 mil pessoas. Foram 75 horas de programação, com mais de 140 atrações, entre mesas de debate, palestras, oficinas, esquetes teatrais, poesias e shows musicais e lançamentos literários. Realizado com apoio da iniciativa privada, o evento custou quatro vezes menos que a edição anterior, em 2016”, salientou a presidente da FCJOL.
Ainda segundo Cristina Lima, apesar da crise financeira agravada pela queda dos royalties, que fez despencar o orçamento da cidade nos últimos anos, outras ferramentas culturais também ganharam atenção especial. O Museu Histórico de Campos, por exemplo, recebeu 115.530 visitantes e desenvolveu 678 ações, entre elas 15 lives e 29 exposições. Já o Arquivo Público Municipal Waldir Pinto de Carvalho teve 7.274 pesquisadores e visitantes. Ainda no Arquivo Público, ao todo, foram 66 ações desenvolvidas, incluindo cursos, lives, convênios, projetos, eventos entre outros, como o Seminário de História Regional, que contou com a participação de 15 palestrantes e 579 inscritos. A Casa de Cultura José Cândido de Carvalho ofereceu 30 cursos e oficinas para 1.484 alunos. Além da Gerência de Artes e Ofícios, que promoveu o Curso Livre de Teatro para 510 alunos.
Com apoio da iniciativa privada, o verão na praia do Farol de São Thomé ofereceu diversão e segurança para as famílias, com baixo custo para o poder público. No verão de 2019, mais de 1 milhão de pessoas prestigiaram os eventos, que ocorreram em clima de paz e segurança. A programação também ajudou a fomentar o comércio da praia campista.
E, para encerrar o ano, até o dia 30 de dezembro, os três editais da Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc (Lei nº 14.017/2020) serão inteiramente pagos a 98 beneficiados. O dispositivo legal, com cadastro viabilizado pelo Fundo Municipal de Cultura (FunCultura), foi lançado pelo Governo Federal para ajudar financeiramente agentes e entidades culturais atingidos economicamente pela pandemia do novo coronavírus. Cerca de 5 mil pessoas em Campos foram favorecidas de forma direta e indireta.
“Em fevereiro de 2017 recebi do prefeito Rafael Diniz a incumbência de ajudar na gestão da cultura da nossa cidade, responsabilidade gigante diante aos desafios da maior crise financeira já vivida neste município e de cara já sabíamos que não seria fácil. Nessa caminhada, pude contar com a disposição de inúmeros companheiros aos quais dedico todo meu agradecimento, reconhecimento e afeto, pois nos unimos em busca de um mesmo ideal”, finalizou a presidente da FCJOL.