A equipe do Programa de Atenção à Saúde do Trabalhador (PAST), que tem sede em Campos, está com novas frentes de atuação. Uma delas é o avanço na captação de dados a respeito dos acidentes de trabalho ocorridos no município e, também, atendendo recomendação do Ministério da Saúde, na identificação e notificação desses acidentes e das doenças ocupacionais e do trabalho. Ligado à Vigilância em Saúde e Vigilância Epidemiológica, constituindo assim a Vigilância em Saúde do Trabalhador, o PAST foi instituído por meio de uma lei municipal no ano de 1997.
Sua sede, assim como a do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST), órgão de referência estadual para os municípios da Região Norte, fica na Rua 1º de Maio, 39, Centro. O PAST é formado por uma equipe de 13 profissionais, entre enfermeiros, psicólogo, assistente social e técnicos de enfermagem. O dia 27 de julho marcou as comemorações do Dia Nacional da Prevenção de Acidentes de Trabalho.
“Acidente de trabalho é aquele que ocorre no exercício da atividade profissional a serviço da empresa ou no deslocamento da residência para o trabalho e vice-versa. É considerado acidente de trabalho, por exemplo, se o empregado, ao sair da empresa, sofrer uma queda na volta para a casa”, explicou a assessora chefe em Saúde do Trabalhador, Lívia Wagner.
Em 2020, o programa notificou 2.338 acidentes de trabalho, sendo 159 de natureza grave, que resultaram em lesão corporal, causando a perda ou redução permanente ou temporária da capacidade para o trabalho e até a morte. Lívia disse que esses números só foram possíveis porque o PAST tem uma equipe que atua dentro do Hospital Ferreira Machado (HFM).
Conforme o último relatório anual, constatou-se que do total de acidentes graves, os pedreiros aparecem como as principais vítimas, seguidos pelos trabalhadores da limpeza pública e motofrentista. E ainda, que a maioria dos acidentes ocorre no período da manhã, na ida para o trabalho.
“Acredito que há uma subnotificação dos números, já que não temos dados das empresas. Por isso decidimos focar nossas ações nessa busca ativa. Queremos identificar as doenças e traçar um perfil desses trabalhadores para começarmos a atuar na prevenção, pois é a melhor forma de promoção da saúde e redução das estatísticas”, afirmou a enfermeira Lívia, ressaltando que a equipe do programa vai oficiar às empresas do município para que as mesmas informem sobre todos os acidentes/doenças de trabalho ocorridos com seus colaboradores, mesmo que não haja afastamento das atividades.
Ela afirmou que é importante explicar que existe diferença entre as doenças do trabalho e as ocupacionais. “A doença do trabalho ocorre em razão da inadequação do local de trabalho para a atividade ou pela insuficiência de proteção oferecida ao trabalhador. Já a ocupacional se desenvolve devido à atividade praticada, ou seja, é o tipo de trabalho executado que produz a doença”. Exemplos de doença do trabalho: surdez temporária ou definitiva; dor de cabeça; hipertensão, Covid-19, entre outras. Doenças ocupacionais: Lesão por Esforço Repetitivo (LER); neoplasias; lesões no ombro; depressão, entre outras.
“A equipe imprime um grande empenho, dedicando sua competência coletiva com o objetivo de desenvolver um trabalho de excelência que impacte positivamente o panorama das ações voltadas à Saúde do Trabalhador no contexto municipal”, explicou Lívia. A equipe técnica do programa faz reuniões semanais. No último encontro foi elaborado o Plano de Metas, a ser desenvolvido nos próximos quatro anos, que aguarda aprovação do Conselho Municipal de Saúde.