No dia 18 de janeiro de 2021, no Aeroporto Bartolomeu Lisandro, o município de Campos recebia a primeira remessa da vacina contra a Covid-19. Naquele mesmo dia, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) registrava 16.630 casos confirmados da doença e 605 óbitos. No dia seguinte, uma força tarefa começou a vacinar os profissionais da saúde, idosos e pessoas institucionalizadas. À medida que os imunizantes chegavam, o público alvo para a vacinação era ampliado. O município chegou a criar 32 postos na área central e no interior para imunizar a população.
Com o calendário de vacinação criado pela Subsecretária de Atenção Básica, Vigilância e Promoção da Saúde (Subpav), Campos avançou na imunização mais que outras cidades do país. Sete meses depois, a cidade começou a vacinar a faixa etária de 18 anos. No mesmo mês, a equipe bateu o recorde de imunização, atingindo a marca de 9.093 pessoas imunizadas em um único dia. Já em setembro, foi a vez dos maiores de 12 anos. Nesta terça-feira (18), exatamente um ano da aplicação da primeira dose do imunizante, com vacinação simbólica do enfermeiro André Luiz Gomes de Oliveira, 48 anos, as primeiras crianças de 5 a 11 anos começaram a ser vacinadas.
“Eu estava na linha de frente do HGG e fui escolhido pelos colegas de trabalho para tomar a vacina. Um ano depois, só tenho a agradecer a Deus e a vacina por estar protegido. Já tomei as três doses”, disse o enfermeiro funcionário do Hospital Geral de Guarus (HGG). “Eu diria para quem ainda não tomou a vacina que está perdendo tempo e se arriscando, exposto ao agravamento da doença. Foi difícil estar na linha de frente de enfrentamento à Covid-19. A gente acabava vendo pessoas perderem a vida. Eram 24 horas de um plantão tentando salvar vidas”, completou André.
O subsecretário de Atenção Básica, Vigilância e Promoção da Saúde, Charbell Kury, responsável pelo planejamento da campanha de vacinação, estava no aeroporto quando a primeira remessa chegou. Ele lembra do legado de muitas vitórias e lutas.
“Não foi fácil. Olhando para trás a gente percebe o legado de vida. Vencemos a morte com apoio da população que acreditou nas vacinas e perceberam que elas foram o melhor instrumento que fez toda a diferença entre a vida e morte. Me lembro com emoção do momento que a aeronave pousou trazendo a primeira remessa”, afirmou Charbell, se recordando do ex-secretário de Estado de Saúde (SES), Carlos Alberto Chaves, que morreu em decorrência da Covid-19.
“Chaves fez a diferença na campanha e perdeu a vida para a doença. Ele foi um herói”, disse Carbell, e acrescentou: “Nesse um ano tivemos uma campanha difícil, com pouca quantidade de vacina e um número grande de pessoas para vacinar. Também tivemos que convencer a população a ser imunizada, independente do imunizante, e trabalhar contra os negacionistas e as fakenews. É bom lembrar que as pessoas que não tomaram a vacina estão expostas. As pessoas que estão internadas não tomaram vacina ou não fecharam o ciclo vacinal”, disse o epidemiologista.
“Muitos momentos aconteceram neste período, muitas angústias, muitas tristezas desde a aplicação da primeira dose da vacina. Passamos por várias fases nesta pandemia, por várias mutações deste vírus que veio para cometer o mundo todo, trazendo muito sofrimento, apreensão, medo, angústia e desespero. Hoje temos um cenário de graças à vacina, mas ainda há pessoas que negam o uso da vacina, resistem à imunização. Hoje, os doentes que ficam graves e que necessitam de um leito de terapia intensiva, o que representa 90% dessa ocupação de leitos de UTI no mundo, são os que não se vacinaram. Essa estatística é assombrosa”, afirmou Paulo Hirano, acrescentando que a vacina é eficaz e salva vidas.
“Começamos a vacinação das crianças e elas não tem poder de decidir. Não há dúvida que todos os pais de qualquer corrente filosófica, ideológica, querem ter os seus filhos protegidos, e para isso, vacine seu filho que faz parte do o grupo mais vulnerável que temos na sociedade. A orientação é para que continuem se protegendo, usando máscaras, mantendo o distanciamento, evitando aglomerações. Só assim nós vamos conseguir avançar”, concluiu o secretário.
Defensor da vacinação, o prefeito Wladimir Garotinho destacou que, há um ano, Campos realizou a aplicação da primeira dose do imunizante contra a Covid-19 no enfermeiro André Luiz e pediu a população que acredita na ciência
"Sou defensor da vacina, sou defensor da ciência e é inegável que muitas vidas foram salvas com a imunização contra a Covid-19. Vivemos um momento especial com o início da vacinação das crianças, um ano após os adultos começarem a receber suas doses. O município está com uma cobertura vacinal muito boa e vamos seguir avançando", afirmou o prefeito Wlamidir
COBERTURA VACINAL
Neste um ano, a cobertura vacinal no município com primeira dose alcançou 88,36% do público elegível, ou seja, pessoas com 12 anos ou mais. Já com a segunda dose e dose única é de 78,96%. Com a dose de reforço é de 20,8%. Se considerarmos a população geral do município, a cobertura com primeira dose é de 73,44%. A de segunda dose e dose única é de 65,98%, e de terceira dose, 19,74%.
“A cobertura em Campos é excelente. Esperamos chegar a 95% da população vacinada a partir da imunização das crianças”, avaliou Charbell.
HISTÓRIAS DE DOR
A enfermeira Joyce Gomes da Silva Viana, 30 anos, trabalha na Unidade Básica de Saúde e Estratégia da Família (UBSF) de São Sebastião. Ela perdeu o pai Gilmar Viana, de 60 anos, que era transplantado, a tia Luciana Viana, 58 anos, diabética, além da prima Daniele Viana, 28 anos, sem comorbidades. Todos faleceram em um intervalo de apenas 20 dias, em abril do ano passado, quando nenhum deles havia sido vacinado.
“Primeiro perdi minha tia, depois meu pai e minha prima. Estava na semana do meu pai ser vacinado, mas ele não conseguiu. O que não consegui fazer pelos meus, eu consigo fazer pelos outros. É satisfatório vacinar. Falo todo o dia quando a gente vê alguém com receio em tomar a vacina: É para o bem, evita complicações. A vacina é para o bem”, declarou Joyce.
OUTRAS AÇÕES
Ofertar uma rede de assistência médica com atendimento de qualidade e salvar vidas tornou-se ainda mais urgente com o avanço da pandemia. Através do Gabinete de Crise e Combate à Covid-19, as ações estratégicas foram implementadas para conter o avanço da doença. Comércio foi fechado, aulas suspensas, 136 novos leitos foram abertos para assistência da população. A Prefeitura ampliou o número de testes e criou um canal de informação, TeleCovid, que já atendeu mais de três mil pessoas. O município também descentralizou o atendimento, com a ampliação da assistência nas unidades hospitalares e unidades de saúde.