O momento epidemiológico de aparente tranquilidade, com aumento discreto para internações e novas infecções pelo coronavírus, foi debatido, nesta segunda-feira (09), durante a 30ª reunião do Gabinete de Crise e Combate à Covid-19. No encontro, totalmente virtual, ficou definido a permanência da Fase Branca, ou seja, Nível I do Plano de Retomada das Atividades Econômicas e Sociais, que correlaciona com a Fase Verde do Mapeamento de Risco de Covid-19 do Estado do Rio de Janeiro, além de alertar a população para as doenças emergentes e reemergentes, que voltaram ao cenário epidemiológico, como é o caso da dengue e hepatite.
Para a Covid-19, apesar da fase atual apresentar atenção moderada, nos próximos dias a atenção estará voltada para a tendência de testagem e de internações, além do comportamento das subvariantes (sublinhagens BA.1, BA.1.1; BA.2; BA.3) da Ômicron. “A cepa BA.2 cresceu cerca de 27% em todo país. Isso preocupa porque causa doenças graves em crianças não vacinadas e, por isso, a vacina deve ser implementada rapidamente, inclusive para crianças de 3 anos”, explicou o médico e responsável técnico do Departamento de Vigilância em Saúde, da Subsecretaria de atenção Básica e Promoção da Saúde (SUBPAV), Charbell Kury, que conduziu a reunião juntamente com o secretário municipal de Saúde, Paulo Hirano.
“Até sexta-feira (06), a cobertura de primeira dose no município era de 81% considerando a população elegível para a imunização, que são as pessoas com idade acima de 5 anos. Já a segunda dose é de 70% e a terceira dose soma 35,4%. Precisamos fortalecer a campanha de imunização com a terceira dose que está baixa”, completou Charbell.
Segundo o especialista, o avanço na vacinação em Campos foi o diferencial para manutenção da Fase Branca. “A Região Norte apresentou padrão diferenciado das demais regiões do Estado quando ocorreu o pico Ômicron e, por isso, registrou menor índice de infecção pela variante. O lado positivo é que a campanha de vacinação funcionou muito bem, mas o lado negativo é que temos um bolsão de susceptíveis, pessoas que não se infectaram e estão em risco agora”, disse Charbell, lembrando ainda que há riscos para reinfecção pela doença e por isso as pessoas devem buscar a vacinação e o reforço da mesma.
Outro dado da cidade apresentado na reunião foi que Campos fechou o mês de abril com a ocupação de leitos muito baixa, inclusive com leitos públicos, quer seja de clínica médica ou UTI, zerados. Já leitos de UTI privados estão variando entre um e dois pacientes. “Estudos realizados pelo professor Eduardo Shimoda apontam que os picos de internação e casos ocorreram entre a 17ª e 21ª semanas em fases anteriores da pandemia. Os picos obedecem ao padrão quase que repetitivo, então, esperamos uma discreta elevação de casos para esse mês de maio”, avaliou Charbell, afirmando que "leitos UTI privados são sinalizadores precoce da pandemia”.
Em nível nacional, Charbell explicou que a média móvel é de 100 obtidos e de 14 a 20 mil novos casos por dia, mantendo o país ainda com status de pandemia. “A pandemia ainda não é endêmica. Há risco de entrar outra variante por conta do que a gente chama de iniquidade vacinal, ou seja, as vacinas não estão sendo distribuídas de forma equânime em todos os países do mundo”.
Desta forma está mantida a Vigilância de Sentinela, que compreende a testagem e vacinação nas escolas, além dos testes no Centro de Saúde de Guarus, Unidade Básica de Saúde da Família (UBSF) Patronato São José, Morro do Coco e Conselheiro Josino. A atualização das medidas de enfrentamento será publicada em Diário Oficial do município.
DOENÇAS EMERGENTES E REEMERGENTES – Durante o Gabinete de Crise também foi debatido o ressurgimento de casos de dengue, com circulação do sorotipo 2 na cidade, que é um vírus mais letal que os tipos 1 e 4. Também foi feito alerta sobre os casos de hepatite aguda infantil, que está acometendo crianças de até 16 anos no Brasil, inclusive com casos no Estado do Rio de Janeiro, o que requer a atenção dos pais e responsáveis.
“É importante estar atento aos sinais relacionados à hepatite. Se a criança estiver com sintomas gerais, como mal-estar, náusea, vômito, diarreia, mas também apresentar a esclerótica, que é o branco do olho, com icterícia e a urina com coloração amarelada leve-o logo ao pediatra para que seja avaliada a função hepática”, alerta o secretário de Saúde, Paulo Hirano, acrescentando que “quanto mais precocemente identificarmos esses sintomas e levar a criança ao pediatra, melhor será o resultado da abordagem”, disse.
Quanto à dengue, Paulo Hirano alerta que, mediante a suspeita da doença, a população deve buscar assistência médica no Centro de Referência da Dengue e Pós-Covid Dr. Jayme Tinoco Netto. “Estamos preparados para receber, acolher e tratar os pacientes que por ventura sejam acometidos pela dengue. Eu sempre disse em outras épocas, outras epidemias que a doença só existe porque temos o mosquito Aedes aegypti transmitindo e, mais de 80% dos criadouros desse mosquito estão dentro das residências e para vencemos uma nova epidemia de dengue, zika e chikungunya é preciso a mobilização de toda a população. É preciso que todos se sintam responsáveis e que participem de forma que possam efetivamente evitar a multiplicação desse mosquito”, disse Hirano.
Por causa do surgimento e ressurgimento das doenças, além da pneumonia com derrame pleural causada pela bactéria Streptococcus, que só em Campos tem causado quatro casos por semana, Charbell sugeriu alterar o nome “Gabinete de Crise e Combate à Covid-19” para “Gabinete de crise COVID -19 e de Doenças Emergentes e Reemergentes”, e dessa forma agregar essas patologias aos debates.
Também participaram da reunião o subprocurador Geral do Município, Gabriel Rangel, a diretora da Vigilância Sanitária, Vera Cardoso de Melo, o chefe de gabinete da Procuradoria Geral, Leonam Rodrigues, a defensora pública Nathalia Carneiro, e representantes da sociedade civil organizada.