Durante a 35ª Reunião do Gabinete de Crise e Combate à Covid-19 e Outras Doenças Emergentes e Reemergentes foram apresentados dados da cobertura vacinal para crianças e adolescentes em Campos, entre os quais apontam que mais de 50% estão vulneráveis à infecção. A baixa adesão por parte dos pais e responsáveis, principalmente para as vacinas que protegem contra a Pólio, preocupa as autoridades em saúde, que convocou a sociedade para unir forças para aumentar o número de crianças vacinadas na cidade e afastar os riscos de óbitos e sequelas graves ocasionados por essas e outras patologias preveníveis por vacinas.
Embora o índice vacinal para Poliomielite seja de 95%, de janeiro até setembro, foram aplicadas 8.758 doses, o que representa somente 48,57% do público-alvo. Já para a VOP foram 5.325 doses aplicadas, ou seja, é de 39,44%. As vacinas devem ser administradas entre 2 meses a 4 anos.
“É muito provável que a Poliomielite irá voltar no Brasil e, isso, é uma questão de tempo. Desde 1989 nós não temos um caso autóctone no país e em 1994, cinco anos depois, a OMS conferiu o selo de erradicação da doença. Então, nós estamos retrocedendo de maneira vergonhosa no país em relação aos cuidados de saúde pública. Isso é responsabilidade de todo mundo. Nós temos que conversar, convencer principalmente pais da responsabilidade de imunização das crianças. Se a doença voltar, que não seja em Campos e, para isso, temos que diminuir os riscos fazendo a imunização”, disse o subsecretário de Atenção Básica, Vigilância e Promoção da Saúde (Subpav), Rodrigo Carneiro, ressaltando que a pólio é extremamente transmissível.
“Hoje nós temos um esquema vacinal chamado misto, uma parte da vacina é injetável, que é feita aos dois, quatro e seis meses. Então bebês menores de um ano não fazem mais gotinha, diferente do que fazia antigamente. Já as crianças acima de um ano até quatro anos fazem a gotinha que funciona como reforço, que é a VOP bivalente. Também tem a dose extra da gotinha que é feita nas campanhas, como acontece agora em Campos, e que estamos correndo atrás para que a cidade atinja o mínimo de 95% de cobertura”, explica o assessor técnico da Subpav, Charbell Kury, lembrando que a cobertura no município que já foi de mais de 100%.
Existem outros imunizantes que são obrigatórios em diferentes fases da vida da criança e do adolescente, sendo Rodrigo Carneiro. Entre eles, a Pneumo 10 está com 58,11% (8.867 doses) enquanto que a Meningo C está com 52,64% (9.044 doses) e a Tríplice Viral com 57,66% para primeira dose e 48,57% para segunda dose, totalizando 13.400 doses aplicadas. Os dados são ainda menores para as vacinas Rotavírus e Pentavalente, ambas com 48,4%, ou seja, 5.022 e 9.089 respectivamente. Já a DTP com 38,92% (12.690 doses) e a Varicela com 45,09% (6.062 doses).
Cenário da Covid-19 – Devido à estabilidade para novos casos da Covid-19, o escore geral do município permanece na Fase Branca. O virologista Charbell Kury explica que a doença está cada vez mais com características para se tornar endêmica, mas para isso é preciso que a população continue vacinando. Iniciada em janeiro de 2021, a vacinação contra a Covid-19 teve boa adesão para a 1ª dose, ou seja, 411.919 pessoas imunizadas e para a 2ª dose e a dose única que somam 372.773 vacinados. Entretanto, para doses de reforço o número de vacinados não é satisfatório, tendo apenas 215.809 pessoas recebido a 3ª dose somente 85.690 voltaram aos postos para fazer a 4ª dose.
Charbell chamou a atenção para a imunização das crianças de 4 anos que começaram a ser vacinadas na semana passada, mas que a procura está muito baixa. Somando as poucas crianças que compareceram aos postos aos menores de 5 e 11 anos que já vinham sendo vacinados, a cobertura com a primeira dose está em 64% e para a segunda dose é de 40%.
“Chegaram a falar que crianças não pegavam Covid-19. Relatório do Observatório da Covid aponta que em 2020 e 2021 nós perdemos 1.439 crianças menores de 5 anos em decorrência da doença. Então, ao contrário do que disseram, crianças morrem deCovid-19. Foram duas mortes diárias. Já em 2022 já são 457 crianças de zero a cinco anos. Os bebês são os que mais sofrem”, revelou Charbell lembrando que bebês e adolescentes de até 17 anos, após quadro de Covid, estão desenvolvendo a Síndrome Inflamatória Multissistêmica (MIS-C), que é uma hiperinflamação que pode levar a morte.
“Menores de 1 ano representam a maior letalidade 9%, ou seja, a cada 100 crianças com essa infecção nove morrem. No Brasil e países em desenvolvimento são onde tem maior mortalidade por síndrome multissistêmica", disse Charbell, exemplificando com dois casos pacientes com diagnóstico de MIS-C e outro com artrite reumatóide pós Covid, sendo um bebê internado ontem (16) e outro ocorrido em agosto.
A vigilância para Covid-19 continua com testagem em quatro polos: UBS Penha, Centro de Saúde de Guarus, Centro de Tratamento da Dengue e Pós-Covid e UBSF Conselheiro Josino. Também é recomendado o uso de máscara facial em locais de aglomeração por pessoas com imunossupressão e idosos que não completaram o esquema vacinal.