“Um paciente infartado que não é atendido adequadamente nas primeiras duas horas, perde em média 2 anos de vida”. A afirmação é do cardiologista Jamil da Silva Soares, que integra a equipe de hemodinâmica que está à frente do projeto “SOS Coração: Nossa missão é cuidar das pessoas”. Pioneiro e inovador em salvar vidas pelo Infarto Agudo do Miocárdio (IAM), o projeto foi lançado pelo prefeito Wladimir Garotinho, vice Frederico Paes e pelo secretário de Estado de Saúde Doutor Luizinho, no último dia 28, no auditório da Santa Casa de Misericórdia de Campos.
O projeto, que é uma expansão da Rede Campos de Saúde Pública, lançada em dezembro de 2021 pelo prefeito e vice-prefeito, tem como principal objetivo oferecer atendimento rápido e eficiente aos pacientes com IAM.
As doenças cardiovasculares são as principais causas de morte no mundo. Estima-se que 20 milhões de pessoas morrem anualmente vítimas de Acidentes Vasculares Encefálicos (AVE) e ataques cardíacos, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), representando aproximadamente 31% de todas as mortes globais. No Brasil, 46 pessoas morrem a cada hora e 1.100 por dia. Os dados mostram ainda que dos óbitos ocasionados pelas doenças cardiovasculares, em média, 7,4 milhões foram causados por doenças isquêmicas do coração e 6,7 milhões por AVE. O principal representante das doenças isquêmicas coronárias é o Infarto Agudo do Miocárdio.
“O infarto pode acometer uma pequena parte do coração ou ser extenso, atingindo uma grande extensão do músculo cardíaco, sendo essa a forma mais grave, aumentando a incidência de complicações, sequelas e mortalidade se não tratada precocemente”, explicou o cardiologista Celmo Ferreira de Sousa Junior, que também faz parte da equipe médica de hemodinâmica.
Em Campos, 286 pessoas morreram em decorrência da doença no ano passado. “O desafio é tornar o tratamento disponível para a população como um todo e promover a redução da morbidade e mortalidade em nosso meio”, disse o médico, ressaltando que não existe uma causa única para o infarto.
“A doença é multifatorial, ou seja, tem vários fatores de risco que contribuem para o aumento da incidência das doenças cardiovasculares, dentre elas o IAM. Entre as principais causas estão o sedentarismo, obesidade, níveis de colesterol e triglicerídeos elevados, hipertensão arterial, diabetes mellitus, tabagismo, estresse, o próprio envelhecimento e o histórico familiar”, acrescentou.
O médico disse ainda que os sintomas típicos do infarto são dor no peito em aperto ou queimação que irradia para o braço, dor na mandíbula, suor frio, náuseas e vômitos. Já os atípicos, geralmente em pacientes idosos e diabéticos, são tonturas, náuseas e vômitos, desmaio, formigamento nos braços e falta de ar.
“É fundamental que o paciente procure o mais rápido possível a emergência do hospital para que, após avaliação médica e realização de exames, seja confirmado ou afastado o diagnóstico de infarto. Importante lembrar também que 50% dos pacientes que infartam morrem na primeira hora devido às arritmias cardíacas, não tendo a oportunidade de acesso ao tratamento. A demora para o atendimento médico é fatal, já que as arritmias são tratadas através de cardioversão (choque com equipamento específico chamado cardioversor), evitando a morte do paciente”, explicou Celmo.