O Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais, lembrado nesta sexta-feira (28), tem por finalidade reforçar as ações de vigilância, prevenção e controle das doenças, associadas à cirrose hepática e ao câncer no fígado. Em Campos, as vacinas contra a Hepatite A e B estão disponíveis nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), Unidades Pré-Hospitalares (UPHs), Hospital São José e na Cidade da Criança, de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 16h, e fazem parte do Calendário Nacional de Vacinação do Ministério da Saúde. Já para a hepatite C não existe vacina.
O subsecretário de Atenção Básica, Vigilância e Promoção da Saúde (Subpav), da Secretaria Municipal de Saúde, infectologista Rodrigo Carneiro, explicou que as hepatites são inflamações do fígado que podem ser causadas por um agente infeccioso ou não. Entre as não infecciosas estão a hepatite medicamentosa e a autoimune. Já as infecciosas podem ser causadas por vírus, bactérias e protozoários. As causadas por vírus são as Hepatites A, B, C, D e E, com formas de transmissão diferentes. As hepatites A e E, por exemplo, são transmitidas por via oral, sendo a contaminação fecal-oral.
“A pessoa com Hepatite A ou E elimina o vírus nas fezes durante um período, podendo haver a contaminação caso haja contato direto com os dejetos. No caso das Hepatites B, C e D a transmissão é parenteral e envolve sangue ou fluídos corporais, principalmente secreções genitais”, disse.
O médico afirmou que no Brasil as hepatites circulantes são as A, B, C e D, sendo que a última só tem ocorrência na Região Norte do país. “As Hepatites A e E não causam sintomas graves, ao contrário das formas B, C e D. A Hepatite B, por exemplo, pode levar à cronificação da infecção com cirrose e hepatocarcinoma (tumor primário maligno mais comum no fígado). Além disso, para ter Hepatite D, a pessoa tem que estar contaminada também com a Hepatite B”.
TRANSMISSÃO E PREVENÇÃO – Rodrigo disse, ainda, que as hepatites mais comuns em todo mundo e potencialmente crônicas são a B e C. “A principal forma de transmissão da B é por via sexual e da C por sangue contaminado”, explicou ele, reforçando os cuidados com equipamentos cortantes compartilhados como alicate de unha, aparelho de barbear, entre outros objetos que possam conter sangue e que não são adequadamente esterilizados.
Entre as formas de prevenção para as hepatites de transmissão oral, o médico pontua as boas práticas de higiene pessoal e saneamento básico. Já para as de transmissão parenteral, ele reforça a importância do uso de preservativo, o rastreio pelos bancos de sangue de todos os doadores e esterilização adequada dos aparelhos hospitalares, manicures, dentistas, tatuadores e body piercing.
A vacina para hepatite B deve ser administrada na maternidade, nas primeiras 12h de vida do recém-nascido. Posteriormente, são feitas mais três doses quando combinadas com a Pentavalente, totalizando quatro doses. Também é considerada imunizada a criança que recebeu três doses. Lembrando que, pessoas de qualquer idade que não tenham comprovação de que tomaram a vacina, poderão receber as três doses do imunizante.
Já a vacina para Hepatite A é aplicada em dose única para crianças de 1 ano e três meses a 5 anos incompletos (4 anos, 11 meses e 29 dias). Após os 5 anos, o imunizante somente é encontrado na rede particular para as pessoas que não possuem comorbidades. Para aqueles que têm comorbidades, a vacina é aplicada no Centro de Referência em Imunobiológicos Especiais (CRIE) nas seguintes condições: Hepatopatias crônicas de qualquer etiologia, inclusive portadores do vírus da hepatite C (VHC); Portadores crônicos do VHB; Coagulopatias; Pacientes com HIV/AIDS; Imunodepressão terapêutica ou por doença imunodepressora; Doenças de depósito; Fibrose cística (mucoviscidose); Trissomias; Candidatos a transplante de órgão sólido, cadastrados em programas de transplantes; Transplantados de órgão sólido ou de células-tronco hematopoiéticas (medula óssea); Doadores de órgão sólido ou de células-tronco hematopoiéticas (medula óssea), cadastrados em programas de transplantes; e Hemoglobinopatias.
AÇÕES DO GOVERNO – O infectologista ressaltou que o diagnóstico precoce favorece o início do tratamento, que na Hepatite C é de três a seis meses, a depender da condição clínica do paciente. Para isso, Campos possui um ambulatório específico para atendimento de indivíduos com hepatites virais, que funciona no Centro de Doenças Infecto-Parasitárias (CDIP), através do Programa Municipal DST/Aids e Hepatites Virais. O paciente que chega ao local é atendido por uma equipe multidisciplinar composta por médico, enfermeiro, psicólogo, assistente social e farmacêutico. O diagnóstico é feito através de exame de sangue (teste rápido) que serve para mostrar se o paciente já teve contato com o vírus da Hepatite B ou C.
“Nós fazemos também a triagem dos pacientes nas UBS e nos presídios por meio da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP). O teste é ofertado para os hospitais e UPHs. Todos os profissionais que atuam nesses locais são treinados periodicamente pela equipe técnica do CDIP”, finalizou o médico.