O Dia Nacional da Doação de Órgãos, comemorado em 27 de setembro, será lembrado em Campos nesta quarta-feira, com uma ação na Praça Quatro Jornadas, no Centro, das 9h às 15h. A iniciativa é da Associação Amigos do Rim (AAR), em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde, por meio do Programa NF-Transplantes, que tem sede no Hospital Ferreira Machado (HFM). Antes, na segunda-feira (25) vai acontecer uma roda de conversa entre as famílias que autorizaram a captação e transplantados, no anfiteatro da Faculdade de Medicina de Campos (FMC).
Segundo a presidente da associação, Greice Vasconcelos, o objetivo da ação é incentivar a doação de órgãos e conscientizar sobre a importância desse ato que ajuda na continuidade da vida de outras pessoas.
“Vamos conversar com as pessoas a fim de fazê-las compreender que um doador pode beneficiar muitos pacientes, que poderão voltar a enxergar, sair da hemodiálise e ter um coração saudável”, disse Greice, ressaltando que quem passar pela praça terá a oportunidade de aferir a pressão arterial e glicemia.
Na segunda-feira, a convite da médica intensivista Patrícia Rangel, membro da equipe da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT) do HFM, Greice vai reunir famílias que autorizaram a captação e também pacientes beneficiados pelo transplante para uma roda de conversa, das 9h às 11h, na FMC.
Arte: Ramon Sávianna
Atualmente com 63 anos, Sílvia Maria Pires Viana recebeu um rim doado pela irmã há 36 anos. Residente no distrito de Santa Maria, ela contou que seus rins não se desenvolveram. “Meus rins eram pequenos, como de uma criança. Quando eu tinha 26 anos de idade, eles paralisaram e tive que fazer hemodiálise por um ano e meio até o transplante, que foi realizado em Vitória, no Espírito Santo”, afirmou Sílvia, ressaltando que ela e a irmã levam uma vida normal.“Doar é um ato de amor. Sinto como se minha vida tivesse sido devolvida”, acrescentou. Após o transplante, Silvia se casou e teve três filhos.
No caso da dona de casa, Beatriz Souza da Silva Rocha, 54 anos, o amor de mãe falou mais alto. Após descobrir que o filho Rafael, na época com 12 anos de idade, iria precisar fazer hemodiálise, Beatriz colocou como prioridade livrar o filho da máquina. “Por ser alérgico a medicamentos, ele sofria muito durante as sessões. Conversamos com o médico e ele encaminhou meu esposo e eu para o Rio de Janeiro para o exame de compatibilidade. Nós dois fomos compatíveis, mas como eu estava clinicamente melhor, doei um rim para meu filho, que hoje tem 20 anos”, disse a dona de casa, ressaltando que o transplante foi feito no Rio de Janeiro em 2016.
O Brasil tem atualmente mais de 65 mil pessoas aguardando por um órgão, de acordo com o Sistema Nacional de Transplantes. “Cerca de 30 mil estão na fila à espera de um rim”, afirmou Greice. A AAR possui 780 associados que recebem avaliação psicológica, nutricional, jurídica e assistencial, além de cesta básica.
Conforme dados do NF-Transplantes, entre janeiro e setembro deste ano, até o último dia 17, foram autorizadas 7 doações, que resultaram na captação de 2 corações, 2 córneas, 6 fígados e 14 rins, totalizando 24 órgãos direcionados para receptores cadastrados no Programa Estadual de Transplantes do Rio de Janeiro (PET-RJ).
Em 2022, o programa contabilizou 13 doações de múltiplos órgãos, superando os números de 2021, quando foram registradas 9 doações. As doações efetivadas em 2022 possibilitaram a realização de 13 transplantes de córneas, 12 de fígados, 10 de rins, duas peles, dois ossos e dois tendões, beneficiando 36 pessoas.
Já as de 2021 ajudaram a salvar a vida de 32 pessoas, que receberam 10 córneas, 6 fígados e 16 rins. O NF-Transplantes é vinculado à Central Estadual de Transplantes (CET) e à Organização de Procura de Órgãos (OPO), sediada em Itaperuna.