Em termos de saúde pública, a Aids ainda ocupa um papel importante no Brasil, mesmo com o desenvolvimento da terapia antirretroviral, popularmente conhecida como coquetel, que consegue controlar a infecção. O diretor de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde, o infectologista Rodrigo Carneiro, destaca o papel do Centro de Doenças Infecto-Parasitárias (CDIP), por meio do Programa municipal DST/Aids e Hepatites Virais, no acolhimento, diagnóstico, acompanhamento e tratamento dos pacientes, visando alcançar uma carga viral indetectável e impedir a transmissão do vírus na população.
O médico enfatiza a importância da adesão ao tratamento e o apoio da equipe multidisciplinar, salientando que é preciso enxergar a doença para além do “Dezembro Vermelho”, mês referência na luta contra as Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs): sífilis; hepatites B e C, entre outras doenças relacionadas e no combate ao HIV/Aids. Rodrigo destaca que o período de campanhas deve ser feito durante o ano todo para reforçar a necessidade da prevenção da infecção pelo HIV e do combate ao vírus causador da imunodeficiência humana, bem como para promover ações que impulsionam uma melhor assistência à saúde e a garantia de direitos a todos os pacientes.
“O município de Campos segue as recomendações do Ministério da Saúde. Dessa forma, a todo paciente com diagnóstico de infecção pelo vírus HIV é oferecido tratamento específico com a terapia antirretroviral. Essa estratégia é importantíssima, porque, com o desenvolvimento de drogas altamente eficazes, conseguimos rapidamente tornar a carga viral do paciente indetectável e, assim, bloquear a circulação do vírus HIV na população. Lembrando que a correta adesão ao tratamento é que faz toda a diferença. Daí vem a importância da equipe multidisciplinar, com assistentes sociais, psicólogos e enfermeiros, para que o paciente se sinta acolhido e tenha um local de referência para buscar ajuda”, ressaltou Carneiro.
No país, de acordo com o médico, estima-se aproximadamente um milhão de pessoas vivendo com HIV, dessas, em torno de 700 mil têm esse conhecimento, no entanto, cerca de 300 mil brasileiros vivem com a infecção e não sabem. “Daí a importância da realização dos testes de triagem para detecção de HIV e outras doenças transmissíveis como: hepatite B, hepatite C e sífilis”, informou Rodrigo, citando que no CDIP também é realizada a busca ativa dos pacientes que eventualmente deixem de ir às consultas, fazer os exames ou retirar os remédios. “Esses pacientes são procurados para que possamos entender o que motivou o abandono do tratamento”, completou.
Carneiro explica que pessoas que tenham um grande número de parceiros sexuais ou que se exponham a comportamentos de risco, como profissionais de saúde ou do sexo, além de usuários de drogas injetáveis, têm maiores chances de contaminação por HIV ou outras doenças transmissíveis. “É importante que, principalmente esse grupo, faça periodicamente os testes de triagem na tentativa de detectação e tratamento precoce da infeção, o que vai melhorar o prognóstico das doenças”, orientou.
PROGRAMA — Em Campos, o atendimento a pacientes com HIV também inclui o tratamento de outras Infecções Sexualmente Transmissíveis, como sífilis, hepatites e de crianças expostas ao HIV. É essencial realizar o rastreamento para diversas doenças, oferecer aconselhamento e testagem precoce, visando diagnóstico e tratamento eficazes. A maioria das infecções tem cura ou tratamento, permitindo que os pacientes levem uma vida normal.
O programa também realiza palestras educativas, testagens itinerantes, capacitações para aprimoramento profissional, distribuição de preservativos (masculino e feminino), além de oferecer apoio a casos de acidente biológico e ofertar o serviço de Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PrEP) e Profilaxia Pós-Exposição (PEP) — ambos os métodos reduzem o risco de adquirir o HIV, a partir do uso de medicamentos que impedem que o vírus se estabeleça e se espalhe pelo corpo.
No caso de usuários com diagnóstico de HIV, o CDIP, que conta com uma equipe multidisciplinar, formada por infectologistas, psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros, farmacêuticos, dermatologista entre outros, oferece acompanhamento ambulatorial com consultas, exames específicos e dispensa mensal de medicamentos, através do programa DST/Aids e Hepatites Virais. No local também é realizada a Prova Tuberculínica (PPD) ou Reação de Mantoux (exame amplamente utilizado no auxílio do diagnóstico da tuberculose). E recentemente o espaço foi contemplado para implementar o Aids Avançada, do Ministério da Saúde.
O CDIP funciona na Rua Conselheiro Otaviano, 241, Centro, das 7h às 19h. Conforme levantamento do órgão, entre os meses de janeiro e maio deste ano, foram diagnosticados 75 novos casos de HIV; 111 de sífilis; 4 de hepatite B e 16 de Hepatite C. Já no ano passado foram 245 casos de HIV; 355 de sífilis; 19 de Hepatite B e 53 de Hepatite C.