O “Setembro Amarelo”, mês de conscientização e prevenção do suicídio, destaca a importância da ação coletiva e do apoio mútuo para lidar com essa questão de saúde pública. A médica Mayara Barcelos Cordeiro, que integra a equipe multidisciplinar dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS II e CAPS AD), vinculados à Rede de Saúde Mental do município, enfatiza que acolher, escutar, incentivar a busca por ajuda profissional e estar presente são atitudes que salvam vidas. O ponto alto da campanha é na próxima quarta-feira (10), data em que é celebrado o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio.
Mayara explica que o Setembro Amarelo, criado em 2003, foi abraçado em vários países e acabou se transformando em uma campanha com a finalidade de chamar a atenção para o problema. No Brasil, o movimento ganhou força em 2014, sendo hoje um dos maiores de prevenção do mundo. Este ano, o lema da campanha é “Conversar pode mudar vidas”. “Falar abertamente sobre saúde mental normaliza os transtornos, promove o tratamento e reduz o preconceito, incentivando a busca por ajuda”, reforçou.
A médica salienta que a campanha também visa desmistificar mitos e tabus relacionados à saúde mental e ao suicídio, incentivando o diálogo aberto, a empatia e o acolhimento. Para ela, é fundamental quebrar esses estigmas para que mais pessoas se sintam seguras para buscar ajuda e apoio. “Quem fala sobre suicídio não quer chamar atenção. Muitas das vezes é um pedido de ajuda. Além disso, falar sobre o tema não incentiva a prática, muito pelo contrário, a abordagem responsável pode salvar vidas. Outra coisa que é preciso reforçar: depressão é uma doença que requer tratamento, e não um sinal de fraqueza ou falta de fé”, reiterou.
Mayara pontua que os principais fatores de risco para o suicídio incluem histórico de doenças mentais; uso abusivo de álcool e drogas; abusos físicos e/ou psicológicos sofridos; isolamento social e histórico familiar de suicídio. Por outro lado, os fatores de proteção são uma rede de apoio familiar e social, acesso a tratamento de saúde mental, projetos de vida, espiritualidade e boas condições de vida.
“A sociedade pode ajudar na campanha do Setembro Amarelo participando de eventos, compartilhando informações precisas, ouvindo as pessoas e incentivando a busca por ajuda profissional”, informou.
Já os sinais de alerta que podem indicar que alguém está em sofrimento psíquico e ideação suicida, segundo a médica, incluem falar sobre morte, isolamento, mudanças de comportamento, aumento no uso de álcool/drogas e descuido com a saúde, alimentação e higiene.
“Para a depressão, é importante observar sinais como tristeza persistente, ansiedade excessiva, perda de interesse em atividades, alterações no sono e apetite. O tratamento eficaz envolve acompanhamento médico e psicológico, além de apoio familiar e social”, concluiu.
ASSISTÊNCIA — Em Campos, a população pode buscar ajuda profissional e de apoio nos Centro de Atenção Psicossocial (CAPS II ou III) — atendimento especializado em saúde mental para casos mais graves e crônicos (exemplos: quadros desestabilizados esquizofrenia, depressão grave com sintomas psicóticos e transtorno do espectro autista com comorbidades neurológicas); no Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil (CAPSi) - atendimento para menores de 18 anos com transtornos mentais; no CAPS AD - para dependência química (álcool e drogas); no Ambulatório de Saúde Mental - atendimento especializado em saúde mental (exemplos: depressão grave, transtorno de ansiedade generalizada e TDAH); nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Unidades Básicas de Saúde da Família (UBSF) – Atendimento de casos leves a moderados de saúde mental (exemplo: ansiedade, insônia e depressão leve a moderada); nas Unidades Pré-hospitalares (UPHs) e hospitais – em situações de urgência e emergência, ou no Centro de Valorização da Vida (CVV) (188, ligação gratuita 24h) – apoio emocional em todo o Brasil.